LIÇÃO 4 - PERSEVERANDO NA FÉ
Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 4 do trimestre sobre "As Parábolas de Jesus"
O estudo de hoje é sobre a parábola da viúva persistente, que traz em si o grande tema da perseverança na fé e na oração. Apenas o evangelista Lucas registrou essa parábola, no capítulo 18 de seu livro, e não é estranho que tenha sido assim, pois este autor, mais que os outros evangelistas, deu bastante ênfase para a oração em seus livros (Lucas-Atos). O assunto de hoje é ligado a piedade cristã. Debrucemo-nos sobre esta parábola de Jesus e aprendamos as lições que ela nos traz quanto ao valor da súplica persistente.
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I. Interpretando a parábola do juiz iníquo
O evangelista Lucas registra para nós a motivo de Jesus ter contado esta parábola e a grande lição que ele busca nos deixar através dela: “o dever de orar sempre e nunca desfalecer” (v. 1). A pergunta que aparece no final da narrativa reafirma o tema da oração perseverante e põe em destaque um elemento importante para esta piedade constante: “Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra?”. O enredo desta parábola, portanto, é construído tendo em vista provocar nos discípulos o espírito de súplica perseverante e a fé inamovível em Deus. A fé autêntica deve mover montanhas (Mt 17.20) e não ser movida por montanhas!
A parábola não diz a condição social da viúva, nem também qual era exatamente a demanda judicial que ela reclamava perante o magistrado. Entretanto, esses detalhes realmente não fazem diferença ao propósito tencionado por Jesus. Não importa se a viúva era rica ou pobre (geralmente eram e parece ser o caso aqui, mas não via de regra), nem a natureza de sua queixa diante do juiz, pois o fato é que ela requeria insistentemente que lhe fosse feita justiça contra um adversário, e seu pedido, depois de muita insistência, foi atendido (v. 5).
Ao dizer “hei de fazer-lhe justiça”, o juiz reconhece haver legitimidade na petição da viúva, pois doutro modo permaneceria resignado até o fim, ou lhe daria sentença contrária.
A suplicante, evocada por Jesus na figura de uma viúva, aponta para cada crente individualmente, que, não podendo de si mesmo resolver todos os seus dilemas, recorre a justiça divina em oração, suplicando por providência dos céus.
Se alguém julga-se detentor de muitos recursos e autossuficiente para resolver todos os seus problemas, perceba-se no drama que esta mulher viúva se encontrava e compreenda que “a nossa capacidade vem de Deus” (2Co 3.5).
Para a soberba igreja de Laodicéia, que julgava-se autossuficiente, Jesus diz: “não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu” (Ap 3.17), mas para a igreja de Esmirna, que reconhecia-se pobre, Jesus diz: “tu és rico” (Ap 2.9); para o fazendeiro que julgava-se provido de tudo, tendo juntado para si muitas riquezas terrenas, Deus do alto exclama: “Louco!” (Lc 12.20), mas para os pobres de espírito, Jesus lhes dá a promessa: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5.3).
Na parábola de Jesus, o juiz recebe os seguintes adjetivos:
(1) “nem temia a Deus” (v. 2) – ignorava valores morais pautados na religião
(2) “nem respeitava homem algum” (v. 2). Na interpretação do exegeta A.T. Robertson, “Este juiz ‘durão’ não reconhecia a ninguém como seu superior” [1].
(3) “injusto juiz” (v. 6, ARC) ou “juiz iníquo” (ARA). A palavra grega que qualifica o juiz é adikia, que significa falta de justiça, ausência de retidão ou violação da lei. Veja que contrassenso: um juiz que não vivia segundo a justiça!
Com tais características, deve ficar claro para o leitor e estudante da Bíblia, o que certamente ficou claro para os ouvintes da parábola de Jesus, que este juiz injusto, sem temor por Deus ou respeito pelos homens, não representa o Deus justo, santo e bom a quem os homens devem recorrer com fé perseverante. O juiz não representa Deus em nenhum sentido!
O que Jesus faz aqui é um contraste entre o pior e o melhor, para ressaltar como o bom Deus, muito mais que o juiz iníquo, atenderá os clamores insistentes de seus escolhidos (v. 7). Jesus já havia feito noutro momento este contraste entre o pior e o melhor quando disse: “se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem” (Lc 11.13).
Deus não é comparado ao juiz, mas contrastado com ele; o Soberano não pode estar representado na figura do juiz iníquo (injusto), porque Ele é “o Juiz de toda a terra” (Gn 18.25), e é “tão puro de olhos, que não podes ver o mal” (Hc 1.3) e ainda “Longe de Deus esteja o fazer o mal, e do Todo-poderoso o praticar a iniquidade” (Jó 34.10b, NVI).
O juiz iníquo representa qualquer dos homens iníquos, mas não Deus. O juiz iníquo pode até mesmo representar a você e a mim que somos maus por natureza (“vós, sendo maus” – Lc 11.13).
A lição de Jesus é: se o mau juiz, que não respeita as próprias leis, respondeu favoravelmente à viúva em virtude de sua persistente petição, quanto mais Deus, justo, santo e bom, cuja ética e moralidade são incomensuravelmente elevadas, responderá favoravelmente aos seus escolhidos que lhe clamam “de dia e de noite, ainda que tardio para com eles” (Lc 18.7). Se homens maus conseguem fazer coisas boas, quanto maior bem nos fará o Deus que é onibenevolente? “Pai de órfãos e juiz de viúvas é Deus, no seu lugar santo” (Sl 68.5).
A vinda de Cristo para os seus é certa. Observe que Jesus não diz “se vier“, mas “quando vier o Filho do Homem”. Ou seja, a vinda de Cristo é certa; a questão é apenas “quando” ela ocorrerá e como estaremos posicionados quando ela ocorrer. “Porventura achará fé na terra?”. É uma pergunta que deve provocar aquela típica reflexão e reação que se espera nas parábolas. Ressalte-se: a perseverança que Jesus propõe nesta parábola não deve estender-se apenas até o recebimento de uma benção ou livramento pedidos, mas até a vinda do Filho do Homem!
“É fiel – Sua vinda é certa,
Quando… Eu não sei.
Mas Ele manda estar alerta;
Quando… Eu não sei.
Mas Ele manda estar alerta;
Do exílio voltarei” [2]
II. A bondade de um Deus justo
A certeza da resposta de nossas preces deve repousar na convicção dos atributos de Deus, especialmente o fato de Ele ser bom. Como diz o salmista, Deus é bom e faz o bem (Sl 119.68). O povo judeu, a despeito do exílio que serviria para ele como uma disciplina, podia confiar nos cuidados paternos do Senhor, já que Ele tem “planos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais” (Jr 29.11). A figura de um Deus iracundo, mal-humorado e tomado de indisposição para com a humanidade definitivamente é uma figura pitoresca que nem de longe representa o Deus da Bíblia, pai de nosso Senhor e Salvador de Jesus Cristo. Deus é bom (Mc 10.18) e grande em beneficência (Ex 34.6).
Se em sua maldade o juiz iníquo cedeu aos pedidos da viúva, é certo que em sua bondade Deus cederá generosamente aos nossos clamores. Confiemos!
Tal atributo divino deve reafirmar em nosso coração a esperança de que nossos pleitos, se justos diante de Deus, não ficarão sem respostas. Uma das mais vibrantes promessas de Jesus aos seus discípulos é esta: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos” (Mt 5.6).
Pode parecer-nos demorada a solução divina para as causas que apresentamos ao Senhor, todavia, “digo-vos”, promete Jesus, “depressa lhes fará justiça” (Lc 18.8). Noutras palavras, quando Deus resolver agir em resposta de nosso clamor, não demorará para por fim aos dilemas e trazer-nos a vitória! Apressadamente tirou o povo do Egito, naquela fatídica noite em que a morte massacrou os primogênitos dos egípcios; apressadamente fez os judeus retornarem do exílio, quando fez Ciro, o persa, imperador sobre o reino babilônico; apressadamente tirará sua amada Igreja daqui para que ela não veja o juízo divino que cairá sobre toda a terra, logo após o glorioso arrebatamento dos salvos. Arrebatamento (gr. harpazo), aliás, significa “tomar repentinamente”, como um roubo ou furto! (Mt 24.43; 1Ts 5.2)
Fonte: Gospel Prime
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