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sexta-feira, 23 de novembro de 2018

ESTUDANDO A PALAVRA DO SENHOR

LIÇÃO  5 -  AMANDO  E  RESGATANDO  A  PESSOA  DESGARRADA 

Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 5 do trimestre sobre "As Parábolas de Jesus"


Amando e resgatando a pessoa desgarrada



A Lição de hoje baseia-se nas duas primeiras parábolas de Jesus registradas no capítulo 15 de Lucas. Certamente poderíamos falar das três parábolas desse capítulo, incluindo a conhecida parábola do filho pródigo, já que as todas elas falam de um mesmo assunto: a compaixão de Deus pelos pecadores perdidos e a alegria pelos que se salvam.
Antes de prosseguirmos, gostaria de te apresentar um conteúdo que pode lhe ajudar a melhorar suas aulas na Escola Bíblica Dominical. O curso produzido pela Universidade da Bíblia chama-se Formação de Professores para Escola Bíblica Dominical e tem matérias sobre a psicologia da educação cristã, didática, métodos de ensino entre outros. 
Esta é uma lição para refletirmos o incomensurável amor de Deus por todos os pecadores, sem exceção, e também sobre a nossa responsabilidade missionária, já que é através de nós que Deus está fazendo um apelo ao mundo para que se reconcilie com Cristo (2 Co 5.20). Meditemos e aprendamos uma pouco mais!

I. Interpretando as parábolas da ovelha e da dracma perdidas

Os dois primeiros versículos de Lucas 15 deixam claro as razões de Jesus ter contado estas parábolas e nos ajudam a interpretar o significado delas. Vejamos:
“Todos os publicanos e pecadores estavam se reunindo para ouvi-lo. Mas os fariseus e os mestres da lei o criticavam: ‘Este homem recebe pecadores e come com eles’” (Lc 15.1-2)
A partir do terceiro versículo, então, Jesus passa a falar através de parábolas sobre o grande amor de Deus pelos pecadores e Sua incansável busca pelos perdidos, além de contrastar também o festejo celestial pelos que iam sendo resgatados com o ressentimento dos religiosos que se julgavam melhores que os pecadores.
Como a ênfase destas parábolas recai sobre a compaixão de Deus pelos perdidos e a alegria de se resgatá-los, estou de acordo com Kunz [1], segundo quem estas parábolas seriam mais apropriadamente intituladas de “o bom pastor” (ao invés de a ovelha perdida),“a mulher diligente” (ao invés de a dracma perdida) e ainda “o pai amoroso” (ao invés de o filho pródigo, que é uma terceira importante parábola deste capítulo, que se soma as duas parábolas anteriores para enfatizar a compaixão de Deus pelos perdidos).
  1. A parábola do bom pastor
Quem nunca ouviu o belíssimo hino das Cem ovelhas, que já virou um clássico da hinódia evangélica internacional? Da autoria do compositor mexicano Juan Romero, intitulada originalmente de Visión pastoral (perceba que o compositor captou bem a ênfase da parábola, que recai sobre o pastor, não sobre as ovelhas propriamente), esta música foi popularizada na versão portuguesa nas vozes de Feliciano Amaral e, talvez mais especialmente, Ozeias de Paula. É um belíssimo hino baseado nesta parábola de Jesus, e que exalta o terno amor de Deus por cada um dos pecadores perdidos que vagueiam longe do bom Pastor.
Compreendamos a parábola em seus pontos mais destacados:
1.1. Cem ovelhas, uma se perde
O número cem não é exagerado para o pastoreio na época de Jesus, mas o contraste entre as noventa e nove ovelhas que ficam “no campo” (v. 4, NVI) e a única que se perdeu, mas que foi buscada diligentemente pelo pastor, atende ao propósito de Jesus de nos mostrar como Deus se importa com cada pecador, “não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a se arrepender” (2Pe 3.9).
O contraste não é para dizer que apenas poucos se perderam, pois na verdade “todos pecaram” (Rm 3.23), mas para realçar o amor de Deus por “cada um de vocês” (At 3.26, NVI). O pastor não amava apenas as ovelhas no sentido coletivo, mas também no sentido individual. Assim também Deus ama o mundo (Jo 3.16), no sentido geral – a todos –, mas também ama a cada um pecador individualmente e a todos eles almeja salvar! Como bem disse o teólogo holandês Jacó Armínio, “Cristo morreu por todos, sem nenhuma distinção entre eleitos e reprovados” .[2]
1.2. Vai atrás da ovelha perdida, até encontra-la
Os fariseus e mestres da lei queixavam-se de Jesus estar junto dos pecadores (v. 2), mas considerando que todos os homens são pecadores aos olhos de Deus, a única possibilidade de Jesus não se juntar aos pecadores seria ele nem ter vindo a esta terra! Se não devia entrar na casa de pecadores, na casa de quem ele entraria?!
Se surpreendia aos religiosos descrentes que Jesus se juntasse a até comesse com pecadores (de fato, a acusação deles era procedente), então que será que eles pensariam quando Jesus dissesse que daria a própria vida em favor dos pecadores? (Jo 6.51; 10.11). A graça de Deus é realmente escandalosa!
Como no Éden, enquanto chamava por Adão que após pecar se escondia de Deus atrás das árvores (Gn 3.8,9), o Senhor continua hoje a procurar e a chamar todos os perdidos para virem a ele. Os religiosos incrédulos não entendiam, mas nós entendemos: Jesus não se suja com o pecado dos pecadores, antes o pecador é que é santificado pela santidade de Cristo! Por esta razão, o pastor não se incomoda de colocar a ovelha que foi achada “alegremente nos ombros” (v. 5). Sozinhos não poderíamos, fracos e debilitados pelo pecado, voltar “para casa” (v. 6), mas o pastor amável nos carrega sobre os ombros! Que mui bela imagem é esta!
Pastor de ovelhas
Pastor de ovelhas
  1. A parábola da mulher diligente
Enquanto a ovelha se perdeu distante do rebanho e longe das vistas do pastor, esta parábola fala de uma mulher que perdeu uma moeda dentro de sua própria casa. Entretanto, apesar do valor relativamente pequeno da moeda (a dracma equivalia ao pagamento pelo trabalho braçal de um dia), a dona da casa não descansou até encontra-la; como diz a Escritura: “…acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar?” (v. 8)
Compreendamos esta parábola:
2.1. Dez dracmas, uma se perde
Novamente, como na parábola do bom pastor, há um contraste para ressaltar o valor que a unidade tem aos olhos de Deus. Não foram as dez dracmas, nem cinco ou três que se perderam, mas uma. Apenas uma! Entretanto, para esta única moeda a dona de casa devota toda sua atenção e busca-a diligentemente porque muito a deseja.
Já deixamos claro que todos os homens se perderam no pecado. Em Adão, todos nós pecamos. “Não há um justo sequer” (Sl 14.3; 53.3; Rm 3.10). Entretanto, Deus amorosamente busca cada um dos pecadores de volta pra si, mesmo aqueles de pouco valor aos olhos humanos (os “publicanos e pecadores” do vers. 2 estão muito bem representados nesta “dracma” perdida).
Estas parábolas de Jesus depõem contra aqueles que acham que há perdidos tão perdidos que Deus não se importe com eles, que Deus não queira salvá-los, que Deus já os tenha predestinado incondicionalmente desde a madre para a condenação eterna. Cada um dos perdidos é alvo do mais terno amor de Deus e de seu sincero desejo de salvá-los! Como dito pelo apóstolo Paulo, “…Deus, nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade” (1Tm 2.3b,4).
2.2. A mulher que busca diligentemente
O comentarista William MacDonald sugere que “a mulher nessa história pode representar o Espírito Santo, procurando o perdido com a candeia da palavra de Deus” [3]. Este mesmo autor já havia interpretado Jesus na figura do bom pastor que busca a ovelha perdida [p. 204] e entende que o pai da parábola seguinte seja uma representação de Deus, o Pai. [p. 205]
Orlando Boyer, autor pentecostal, também vê a Trindade representada nestas três parábolas lucanas:
“Na primeira parábola encontra-se o amor do Filho em procurar o perdido; na terceira, o amor do Pai em encontrar o perdido; e nesta, a segunda, o amor do Espírito Santo em buscar o perdido” [4]
Como é bastante sugestiva essa interpretação, e não vejo nada que deponha contra ela, creio que é possível sim vermos a Trindade envolvida no maravilhoso plano de salvação dos pecadores (como bem nos ensinam nossos manuais de Soteriologia), e aqui refletida indiretamente nas parábolas contadas por Jesus. Apenas ressalte-se que isso de modo algum implica dizer que o Espírito Santo seja literalmente uma figura feminina! Longe de nós tal imaginação! Estamos trabalhando apenas com representações, figuras, ilustrações do cotidiano que de alguma forma fazem-nos entender melhor o amor de Deus e sua relação com os pecadores.
Como no interior da casa, assim também no interior de nosso coração o Espírito de Deus busca, lançando as luzes da palavra de Deus e do santo Evangelho (Sl 119.105), nos convencer de nosso estado de perdição (Jo 16.8) e levar-nos à justiça de Deus! Ele “varre” (Lc 15.8) a sujeira que obstrui nossa visão, remove as impurezas do coração e nos ajuda a enxergar quem de fato é Jesus, quem de fato nós somos e como necessitamos da redenção providenciada por Deus. O Espírito Santo é Deus produzindo salvação em nós!

II. Precisamos buscar quem se desgarrou

Estas parábolas de Jesus podem ser aplicadas tanto ao contexto de evangelização dos não-crentes quanto dos que se desviaram do Evangelho. Aos descrentes, Deus está interessado em dar-lhes a primeira chance de salvação; aos desviados, Deus está desejoso de dar-lhes outra chance de salvação. Entretanto, embora Deus possa revelar-se diretamente ao coração de cada pessoa e trazê-la à fé em Jesus Cristo, Ele espera que nós, Igreja do Senhor, cumpramos essa missão que outrora nos foi entregue e para a qual fomos capacitados pelo poder do Espírito.
  • Não sejamos egoístas na salvação
Sobre a atitude ressentida dos religiosos descrentes nos dias de Jesus, Kunz destaca que “os escribas e fariseus e outros mestres, ao invés de criticarem o Mestre, deveriam usar sua inteligência em buscar os pecadores perdidos e trazê-los a Deus com grande regozijo. Mas isto eles não faziam, por causa da sua pretensa santidade”. [5]
Muitas vezes nos colocamos também dentro de uma redoma de pseudosantidade e menosprezamos os que estão do lado de fora. Julgamos que este ou aquele é irrecuperável; sentenciamos esta ou aquela ao inferno; e assim vamos nos furtando ao dever de falar a todos do imensurável plano de salvação, sem fazer acepção de pessoas (Rm 2.11; Tg 2.1). Mas “quão formosos são os pés dos que anunciam as boas novas”! (Is 52.7) E quão formosos são os pés que estão sempre calçados com “a preparação do evangelho da paz”! (Ef 6.15)
Fonte: Gospel Prime 

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