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sábado, 1 de dezembro de 2018

SERIE: COMBATENDO AS FORÇAS ESPIRITUAIS. ESTUDO Nº 9: RESISTÊNCIA E CONTRA - ATAQUE (A ORAÇÃO DE CONSAGRAÇÃO)



Por Markus DaSilva, Th.D.


Conforme explicado no estudo anterior, para o cristão que está consciente da batalha que está sendo travada pela sua alma, a oração é sem sombra de dúvidas a sua arma principal. Principal tanto em termos de defesa como em contra-ataque. O cristão que não se beneficia deste poder que Deus deu a todos os seus filhos, não demonstrará uma resistência adequada aos ataques de Satanás: “Clame a mim no dia da angústia e eu te livrarei, e tu me glorificarás” (Sl 50:15). Ou seja, se o próprio Deus nos disse que a forma de obtermos livramento é clamando pela sua intervenção nos dias de angústia, e se o cristão não leva muito a sério a Sua oferta de auxílio, então ele estará enfrentando este poderoso inimigo com uma imensa e desnecessária desvantagem. O objetivo deste estudo é explicar a função da oração de consagração e incentivar o homem e a mulher de Deus a se valer desta tremenda arma que o nosso amado Pai nos forneceu: “Busquei ao Senhor, e ele me respondeu, e de todos os meus temores me livrou” (Sl 34:3-4).
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"Nada deve ficar de fora neste momento íntimo entre nós e o nosso Criador."
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No estudo anterior, falamos da oração constante e da sua função em manter o guerreiro de Deus em um contato ininterrupto com a nossa “central de comando”: Pai, Filho e Espírito Santo, nos altos céus. A oração constante se trata, como o nome sugere, de um constante diálogo com Deus. Elas são orações curtas e frequentes, que devem iniciar assim que acordamos e devem durar o dia todo, até na hora de voltarmos à cama. Neste estudo, porém, falaremos sobre a oração de consagração. Além de ser uma oração mais longa, esta oração difere da oração constante porque é nela que explicaremos ao Pai tudo aquilo que nos sucedeu durante o dia e do que pensamos fazer no dia seguinte. Nesta oração devemos dar mais tempo a Deus para nos responder de volta, seja através de uma passagem das Escrituras, através de uma inspiração, uma solução para um problema que antes não havíamos cogitada, ou como normalmente ocorre, simplesmente através de uma paz de espírito sobrenatural que nos tranquiliza e nos anima, deixando bem claro que o Senhor está conosco e não temos nada a temer: “não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a retidão da minha mão direita” (Is 41:10). Esta paz de espírito seria como se o Senhor estivesse nos dizendo: “Você é um filho amado. Não faça nada por enquanto, apenas saiba que estou monitorando a situação e muito em breve você verá de uma forma mais clara como estou atuando nesta área da sua vida”.
Assim como em uma guerra física frequentemente o soldado tem que se encontrar com os seus superiores e reportar sobre o desenvolvimento da batalha no local onde ele foi enviado, também nesta guerra espiritual entre as forças do mal e as forças do bem, cada guerreiro se encontra diariamente com o Senhor para lhe dar um apanhado de todos os eventos do dia; de tudo aquilo que sucedeu recentemente em todas as áreas da sua vida. Neste tipo de encontro, quanto mais detalhado for o cristão, mais se torna possível o auxílio de Deus. O uso de detalhes, ou ser bem específico na nossa explicação, serve três propósitos:
O primeiro é que demonstra a Deus o quanto necessitamos da sua intervenção em tudo aquilo que fazemos. Se mencionamos ao Senhor as menores das nossas preocupações é porque  reconhecemos que não existem áreas da nossa vida que podemos administrar sem a participação de Deus, ou seja: dependência total.
O segundo é que ao abrirmos o coração ao Senhor sobre tudo aquilo que passa na nossa mente, criamos um ambiente de confiança e uma expectativa de que não estaremos sós ao enfrentarmos cada problema que vem na nossa direção, seja qual for a sua origem e por mais importante ou insignificante que seja. Em outras palavras, seguiremos no nosso dia a dia confiantes de que o Senhor foi informado de tudo, e que, portanto, esperamos a Sua intervenção em qualquer coisa que aconteça relacionada ao que lhe foi dito. Quando algo desagradável ocorrer, seria como se disséssemos ao nosso Pai: “O Senhor se lembra que falei sobre isto há uns três dias atrás?” Este tipo de diálogo corajoso com Deus nos foi demonstrado pelo profeta Jonas, quando ele lembrou a Deus que já havia falado que Ele era muito bom e que acabaria não destruindo a cidade de Nínive: "Ah! Senhor! Não foi isso o que eu disse, quando eu ainda estava na minha terra?" (Jn 4:2).
E o terceiro, e possivelmente o mais importante, é que quando mantemos o hábito de abrir o coração sem restrições para Deus, passamos a ser íntimos, pois sabemos muito bem que apenas aqueles que são íntimos se abrem por completo um com o outro. Movido pela nossa atitude, o Senhor também se revelará mais para nós: “Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes” (Jr 33:3).
Chamamos este tipo de oração de “oração de consagração” porque é durante este período diário que afirmamos e confirmamos a nossa separação do mundo e nos disponibilizamos para uso exclusivo de Deus. O termo em hebraico para consagrar é קֹדֶשׁ (qodesh) e significa exatamente isto: o ato de separar, de colocar algo à parte para uso exclusivo de Deus. A palavra usada nas Escrituras é a mesma, seja em casos de consagração de objetos, animais, dias, períodos no calendário, ou pessoas. Tudo aquilo que for dedicado a Deus torna-se consagrado ao Senhor [לַיהוָ֔ה קֹ֙דֶשׁ֙ ( YHWH (Jeová) qodesh)] : “E disse-lhes: Vós sois consagrados ao Senhor” (Ed 28:8). É por isso que este tipo de oração deve ocorrer diariamente, porque diariamente na vida do cristão típico, ele entra em contato, ainda que não intencionalmente, com tudo aquilo que não vem de Deus, e por conseguinte necessita ser frequentemente purificado para se manter usável por Deus, pois o Senhor não usa o imundo e nem mantém nele o seu Santo Espírito [קָ֝דְשְׁךָ֗ וְר֥וּחַ (qodesh ruwach)]: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito estável. Não me lances fora da tua presença, e não retire de mim o teu Santo Espírito. Restitui-me a alegria da tua salvação, e mantém em mim um espírito desejoso de ser obediente” (Sl 51:10-12).
Obviamente não existe na Bíblia instruções específicas quanto ao dia, hora, frequência ou duração das orações dos seguidores de Jesus, mas sabemos que o nosso Mestre orava com bastante frequência: “Mas ele se retirava para lugares solitários, e ali orava” (Lc 5:16). E sabemos também que às vezes as suas orações eram longas: “Naqueles dias retirou-se para o monte a fim de orar; e passou a noite toda em oração a Deus” (Lc 6:12). Particularmente, a minha oração de consagração ocorre nos sete dias da semana, à meia-noite e dura uma hora ou um pouco mais. Este período de uma hora foi em parte inspirado pelo fato de que Jesus no Jardim do Getsêmani, por três vezes ficou triste com os seus amigos mais chegados, Pedro, João e Tiago, pois não conseguiam se manter acordados por uma hora, enquanto Ele orava: “Voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Nem por uma hora pudestes vigiar comigo?” (Mt 26:40).
Entendo que cada pessoa possui o seu próprio hábito de dormir e que levantar no meio da noite e depois voltar para cama pode ser difícil para alguns. Comecei com este hábito já há algum tempo e tem funcionado muito bem no meu caso. Algumas noites são mais difíceis que outras, mas, num todo, a experiência é muito boa e não tenho a intenção de mudar.
Independentemente da hora que é feita ou da sua duração, aconselho aos nossos leitores que de forma alguma deixem de lado a oração de consagração. Também aconselho que esta seja uma oração sem pressa. Alguns comentam que não possuem assunto para orações longas, eu entendo, e para isto temos a oração modelo que Jesus nos deu, também conhecida como: “A Oração do Pai Nosso”. Se o Senhor permitir, em breve devo escrever uma série sobre a oração modelo que recebemos diretamente da boca do nosso Mestre. Por agora, deixe-me dizer que utilizo da oração do Pai Nosso como um esboço para a minha oração da meia-noite. Simplesmente me recorro a cada parte do Pai Nosso como base para tudo aquilo que passa no meu coração e reservo o final da minha oração para qualquer assunto que não se encaixa diretamente na oração do Pai Nosso. Por exemplo, é no final da minha oração que menciono ao Senhor os pedidos de oração que diariamente chegam dos nossos leitores.
A oração de consagração não tem que ser à noite, mas é definitivamente preferível que ocorra quando e onde existe a maior serenidade possível. Esta preferência não vem de mim, mas do próprio Jesus: “Mas ele se retirava para lugares solitários, e ali orava” (Lc 5:16). Vemos claramente que o maior dos exemplos a ser seguido, Jesus, procurava lugares e horas para orar em que toda a distração fosse reduzida ao mínimo possível. Para a maioria das pessoas, de noite ou de madrugada são os únicos momentos em que se consegue este tipo de ambiente. Em alguns países, eu sei que recentemente alguns cristãos procuram orar em “montes”. Embora não exista nada de especial nas orações feitas em locais geograficamente altos, a ideia de orar em lugares abertos e de bela natureza não é má, desde que seja um local calmo e seguro, pois invalidaria o propósito de tranquilidade se o cristão tem que se preocupar com a sua segurança enquanto ora. No meu caso, oro em casa mesmo. Simplesmente utilizo da cozinha e da sala, às vezes parado e às vezes andando, enquanto falo com o Senhor. Tudo bem em silêncio para não acordar ninguém da família.
Queridos, acho que fui bem claro quanto à oração de consagração e não deixei nenhum detalhe importante de fora. Esta é uma arma que o cristão de forma alguma deverá deixar de usar nesta batalha espiritual que todos nós enfrentamos. É nesta hora de quietude que passamos com Deus que diariamente abrimos o nosso coração ao querido Pai e expressamos a Ele, às vezes tranquilos e às vezes ansiosos, tudo aquilo que nos causa preocupação, tudo aquilo que tem roubado a nossa paz. Nada deve ficar de fora neste momento íntimo entre nós e o nosso Criador. Aliás, é do nosso interesse levar todas as pequenas coisas ao Senhor para que assim Ele intervenha e nos dê as necessárias instruções, antes mesmo que algumas destas pequenas preocupações se transformem em grandes problemas: “lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1Pe 5:7). Espero te ver no céu.
Para obter a versão mais recente deste estudo, com possíveis revisões, correções ou material adicional, favor acessá-lo na web: Ler Estudo na Web .

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