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domingo, 13 de janeiro de 2019

SERIE: ORANDO O PAI NOSSO COM PODER. ESTUDO Nº 3: SANTIFICADO SEJA O TEU NOME



Por Markus DaSilva, Th.D.
Existe muito interesse entre as pessoas pelos nomes de Deus. Uma boa parte desse interesse, todavia, não passa de mera curiosidade e superstição humana. Muitos imaginam que existe algo nos nomes (reais e inventados) de Deus que quando pronunciados liberam poderes sobrenaturais, como uma espécie de encanto, palavras mágicas, ou expressões de comando espirituais. Este é um dos motivos que há tantos livros publicados e sites criados, dedicados a este assunto. Parte deste misticismo envolvendo os nomes de Deus é porque o que se entende por “nome” na cultura moderna não é o mesmo do que se entendia no contexto cultural das Escrituras onde nomes representavam muito mais do que uma mera designação própria, e é por este motivo que existem vários nomes para Deus na Bíblia.
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"Assim como Deus não pode se tornar mais bondoso ou mais justo ou mais sábio, Ele também não pode se tornar mais santo."
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Um outro motivo é que pelo fato de os nomes serem em hebraico, existe um certo mistério nas suas pronúncias. Esta verdade se aplica em especial ao tetragrama: “YHWH” (Heb. יהוה), o qual dentro do judaísmo os rabinos ensinavam e continuam ensinando que este é um nome impronunciável e que deve ser escrito sem o uso de vogais. A intenção é que assim se evite a quebra do terceiro mandamento do decálogo: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão” (Ex 20:7).
Na cultura atual, em praticamente todos os países, quando damos nomes aos nossos filhos estamos pensando tão somente na forma falada e escrita que as pessoas usarão quando se referirem a eles, e por isto a nossa maior preocupação é que os nomes sejam bonitos nas suas pronúncias e causem uma boa impressão. Esta é a razão que frequentemente alguns pais dão aos seus filhos nomes de celebridades, vivas ou mortas, pois pessoas famosas quase sempre transmitem a ideia de beleza, sucesso e felicidade.
Na cultura hebraica bíblica, no entanto, o nome de alguém refletia aquilo que a pessoa era; aquilo que a pessoa representou ao nascer; ou ainda aquilo que se profetizava que a pessoa viria a ser. Todos os nomes refletiam algo importante ligado à pessoa em si, podendo ser algo positivo ou negativo, pois não se procurava qualquer benefício ao escolher o nome de alguém, mas simplesmente registrar um fato ou um desejo conectado à pessoa. Por exemplo, a mulher de Finéias, um dos filhos do profeta Eli, ao dar o nome ao seu filho de “Icabô”, o que significa: “A glória se foi”, o fez porque ele nasceu logo após a arca de Deus ter sido tomada pelos filisteus. A falta de beleza ou a impressão negativa do nome foram fatores irrelevantes para ela e para os seus familiares (1Sm 4:21).
E em um outro exemplo bem típico, Deus ordenou ao profeta Isaías que tivesse um filho e que colocasse o nome da criança de: “Rapidez-Saque-Pressa-Despojo” [Heb. מַהֵרשָׁלָלחָשׁבַּז (Maher-shalal-hash-baz)]. E o próprio Senhor explicou ao profeta o motivo que a criança deveria ter este nome: “Pois antes que o menino saiba dizer meu pai ou minha mãe, se levarão as riquezas de Damasco, e os despojos de Samaria, diante do rei da Assíria” (Is 8:4). Ou seja, neste caso, Deus utilizou do nome da criança como um indicativo profético, uma vez que em torno de dois anos, quando normalmente as crianças aprendem a falar papai e mamãe, o que se profetizou se cumpriria. Todas as pessoas que vissem o menino e soubessem como ele se chamava, procurariam saber o porquê do nome e aqueles que já sabiam se lembrariam do que ele representava. Alguns estudiosos creem que esta profecia realmente se cumpriu poucos anos depois, em 734 a.C., quando o rei da Assíria marchou contra Israel e deportou o povo: “Nos dias de Peca, rei de Israel, veio Tiglate-Pileser rei da Assíria e tomou Ijom, Abel-Bete-Maacá, Janoa, Quedes, Hazor, Gileade e Galiléia, toda a terra de Naftali; e levou cativos os habitantes para a Assíria” (2Rs 15:29).
A explicação acima sobre o uso de nomes na cultura hebraica é de suma importância para entendermos o porquê frequentemente a Bíblia se refere aos nomes próprios com tanta seriedade. Vemos isto claramente nas ocasiões em que o Senhor mudou o nome de alguém indicando uma nova fase na vida da pessoa, como foi o caso de Jacó: “Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; porque tens lutado com Deus e com os homens e tens prevalecido” (Gn 32:28); e também o caso de Pedro: “Jesus, fixando nele o olhar, disse: Tu és Simão, filho de João, tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro)” (Jo 1:42).
O maior dos exemplos da seriedade de um nome na cultura hebraica, no entanto, é em se tratando do nome de Deus. O nome de Deus está tão conectado à pessoa de Deus para o povo Judeu que o Senhor fez questão de demonstrar esta conexão através de um dos 10 mandamentos, conforme já mencionado no começo deste estudo. O uso do Nome de Deus só poderia ser feito apenas quando necessário, com a maior reverência possível e de forma alguma deveria ser usado descuidadamente ou imprudentemente: “E aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente será morto; toda a congregação certamente o apedrejará. Tanto o estrangeiro como o natural, que blasfemar o nome do Senhor, será morto” (Lv 24:16).
Na oração do Pai Nosso, Jesus nos ensina a dizer que o nome de Deus é um nome santo: [Gr. ἁγιασθήτω τὸ ὄνομά σου (hagiasthētō to onoma sou) Trad. Lit. = seja santificado o nome Seu]. O que estamos fazendo ao repetir estas palavras na oração é reconhecer pessoalmente a santidade do próprio Deus. É bom termos em mente que não estamos fazendo com que o Senhor seja mais santo do que ele já o é, pois, todos os atributos do Criador do universo sempre consistiram do máximo da sua perfeição. Assim como Deus não pode se tornar mais bondoso ou mais justo ou mais sábio, Ele também não pode se tornar mais santo. Dizer: “Santificado seja o Teu nome” é apenas uma expressão de uma verdade. Estamos dizendo ao Senhor que estamos a par de quem Ele é. Esta é uma expressão de reverência; um ato de adoração semelhante aos Serafins que no céu reverentemente expressam continuamente o mesmo sentimento de admiração que devemos expressar nesta frase do Pai Nosso: “Ao seu redor havia serafins; cada um tinha seis asas; com duas cobria o rosto, e com duas cobria os pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; a terra toda está cheia da sua glória” (Is 6:2-3).
A santidade do nome de Deus é demonstrada na nossa vida. Dizer na oração que o seu nome é santo, e, no entanto, desonrá-lo no nosso viver é hipocrisia do mais alto grau. Este era o grande pecado dos fariseus. Os líderes religiosos nos dias de Jesus expressavam continuamente a santidade de Deus e faziam de tudo para que os outros também o fizessem. Aparentemente eram extremamente zelosos com as coisas de Deus e exibiam este zelo nas suas vestimentas e tradições. Tudo muito louvável aos olhos humanos, mas na sua vida pessoal esta santidade que tanto ensinavam não era vivida, conforme o próprio Jesus nos disse: “Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai; mas não façais conforme as suas obras; porque dizem e não praticam” (Mt 23:3).
Quando reconhecemos nas nossas orações que o nome de Deus é santo e o chamamos de Pai, então o nosso reconhecimento só terá qualquer valor se também procurarmos um viver que condiz com o viver de filhos que honram o nome da família (Mt 12:49; Jo 20:17; Ro 8:29). Neste sentido reconhecer que o Pai é santo, mas não desejar ser santo assim como Ele o é se torna em uma confissão, um reconhecimento de culpa e autocondenação e deixa de ser um ato de adoração como deveria ser quando dizemos: “Santificado seja o teu nome”, no Pai Nosso. O nosso irmão Pedro descreveu muito bem esta procura por santidade que deve existir naqueles que chamam a Deus de Pai: “Como filhos obedientes, não volteis a satisfazer os desejos que antes tínheis na vossa ignorância; mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo o vosso procedimento; porquanto está escrito: Sereis santos, porque eu sou santo. E, se chamais de Pai aquele que a todos os homens julga imparcialmente, segundo a obra de cada um, viveis com temor durante o tempo da vossa passagem pela terra” (1Pe 1:14-17).
Queridos, cada parte da oração do Pai Nosso revela algo incrível sobre como deve ser o nosso relacionamento com o nosso Criador. O reconhecimento de que o nome de Deus, e, portanto, o próprio Deus, é santo, além de nos causar uma atitude de extrema reverência, também nos acorda para a realidade da responsabilidade que todos os filhos e filhas do Senhor carregam. Nestes últimos dias temos visto um total desprezo para com a santidade do nome do nosso Pai. A linha divisória que deveria existir entre a casa de Deus e o mundo, entre o santo e o profano, está tão apagada que se tornou quase impossível saber onde ela se encontra. O chamado povo de Deus, na sua maioria, vive como todos os outros povos. Poucos são aqueles que têm a coragem de expressar qualquer oposição quanto às coisas que os líderes com alegria estão permitindo entrar nas nossas igrejas. O meu ardente desejo é que todos vocês, ao afirmarem que o nome de Deus é santo nas suas orações, também decidam com extrema firmeza fazer jus ao nome do nosso Pai e caminhar em santidade, ainda que contrário à maneira que todos ao nosso redor estão caminhando. Espero te ver no céu.
Para obter a versão mais recente deste estudo, com possíveis revisões, correções ou material adicional, favor acessá-lo na web: Ler Estudo na Web .

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