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segunda-feira, 7 de outubro de 2019

ALEXANDREPFILHO HOMENAGEIA YOM KIPUR DIA DO PERDÃO JUDAICO


Yom Kipur (Dia do perdão)

Por Rab. Mess. Marcelo M. Guimarães
Érev Yom Kippur em Jerusalém.
Érev Yom Kippur em Jerusalém.
Nesta época (início do outono – Israel ou primavera – Brasil), os judeus do mundo comemoram a seqüência de festas típicas da estação de outono: o Rosh Hashaná (também conhecido como festa das trombetas), os 10 dias de Arrependimento (cujo último dia é conhecido como Yom Kipur, o dia do Perdão) e a Festa dos Tabernáculos ou festa da colheita (Sucôt).
Qual é a origem desses dez dias de arrependimento?
Em Levítico 23:24, encontramos uma ordem: “…No sétimo mês, ao primeiro dia do mês, tereis descanso solene, um memorial ao som da trombeta, uma santa convocação” . Após o exílio Babilônico, este dia do “soar da trombeta” tornou-se conhecido como Rosh Hashaná, o Ano Novo Judaico. Na Torá, tudo o que conhecemos é que é um dia de “fazer tocar as trombetas”. No livro de Salmos, encontramos referências interessantes (Salmo 81.3) “Tocai a trombeta na lua nova, na lua cheia, no dia da nossa festa”. Nesse Salmo encontramos o tocar da trombeta (Shofar, que é um chifre de carneiro) na lua nova, que é a primeira do mês, é também chamada “o dia de nossa festa”. O Salmo 81 traz à luz um outro aspecto tradicional dessa festa. De acordo com a tradição desse dia, Rosh Hashaná, que é o primeiro dia do sétimo mês, é também um dia que coroamos D-us como Rei de nossas vidas e da vida da nação. Entre o Rosh Hashaná, que é o primeiro dia do sétimo mês, e o dia da expiação (Yom Kipur), que é o décimo dia do sétimo mês, há um período de dez dias separados para o arrependimento e perdão dos pecados de Israel. Esses dez dias são como um período especial onde as pessoas se tornam mais cerimoniais e contemplativas acerca de seus pecados, num nível coletivo-nacional. D-us concedeu um dia para expiação dos pecados da nação. O bode expiatório que era enviado ao deserto era uma prefiguração do trabalho de Yeshua (Jesus) o Messias, que morreu na cruz pelos pecados do mundo inteiro. Por causa da solenidade que traz esse dia, tornou-se tradição tomar dez dias entre os dois dias santos para contemplação e arrependimento.
Os judeus, de modo geral, levantam bem cedo, antes do nascer do sol, e recitam orações e cânticos de arrependimento que expressam a profunda tristeza que cada indivíduo e toda coletividade tem pela fraqueza e pelos pecados que eles cometeram.
Não há nenhuma outra nação que gaste dez dias meditando acerca da expiação e perdão dos pecados como a nação de Israel.
No dia da expiação quase todo Israel e a comunidade judaica ao redor do mundo jejua. Ninguém come ou bebe, por um período de 24 (vinte e quatro) horas. Cada pessoa, que não esteja doente ou grávida, ou seja maior de doze anos jejua, abstém-se de comida e bebida por 24 (vinte e quatro) horas, isto aumenta a seriedade do dia no qual você contempla seus pecados e fraquezas. Os cultos nas Sinagogas geralmente acontecem na noite anterior, normalmente pela manhã bem cedo, e o último às 18:30 deste dia. Muitas pessoas permanecem na Sinagoga por 10 (dez) horas, para orar e suplicar a Deus pelo perdão do pecados.
A consciência de pecado ensinada pelo Rabino Shaul (Paulo) está provavelmente influenciada pelas orações do dia da expiação. Passagens como Romanos 7:24 “Desventurado homem que sou? Quem me livrará do corpo desta morte?”, podem estar influenciados pelas confissões do dia da expiação, que repetidamente enfatizam a fraqueza e a vulnerabilidade do homem.
Há um interessante comentário feito por Ibn Ezra, um comentarista bíblico judeu medieval, a respeito de Levítico 16.9-10. Ibn Ezra fixa seu comentário em Levítico 16.9: “Se você deseja conhecer o mistério do bode expiatório deve conhecer primeiro quem morreu na idade de 33 (trinta e três)…”. Não foi ele quem elaborou este ponto. Um comentarista posterior, um dos mais famosos Rabinos Judeus da era de ouro, do exílio espanhol, rabino Moshê Ben-Nachman, afirma neste verso: “Eu digo que o Rabino Abraham Ibn Ezra quis dizer, “a idade de 33…”: Esaú e o Reino de Edom”. Na terminologia judaica medieval, Esaú é Yeshua, e o Reino de Edom é o Império Romano. Assim, o Rabino Moshê identifica a pessoa de quem o Rabino Ibn Ezra estava falando como sendo Yeshua. Yeshua é o bode expiatório que leva os pecados de Israel sobre si no dia da expiação. É interessante ver rabinos que identificam o bode expiatório como Yeshua e ainda não acreditam n’Ele. A razão pela qual esses rabinos são capazes disso é porque eles viviam sobre a impressão errada que cristianismo é para gentios e não para Judeus.
A política da igreja católica em relação ao povo judeu apenas reforçou essa ideia errada. Yeshua, (Jesus) veio em primeiro lugar para o povo de Israel. Os cristãos têm a responsabilidade de orar pelas boas novas para o povo judeu, se não por outra razão, pelo fato de que eles receberam as boas novas dos judeus.
Qual é a aplicação disso tudo para os seguidores de Yeshua o Messias?
“Consciência de pecado” é talvez o tema mais pregado nos púlpitos das igrejas ocidentais. Arrependimento é certamente o maior princípio de todas as religiões bíblicas. Os cristãos freqüentemente pensam que são proprietários de confissões e arrependimentos, por fé e graça.
A verdade é que tanto no judaísmo quanto no islamismo, há sustentação de uma forte crença para o arrependimento. Há coisas que podemos aprender do judaísmo nos 10 dias de arrependimento.
1- Estabelecer um tempo para meditar acerca de seu “status” com Deus, sua necessidade de arrependimento e deixar que este tempo seja oportuno para se fazer um esforço concentrado.
2- Durante esse tempo separado para arrependimento, você deve levantar-se bem cedo e começar seus dias com uma confissão de pecados.
3- Há itens que exigem um arrependimento coletivo e, conseqüentemente, devem envolver toda comunidade no processo de arrependimento.
4- Embora o arrependimento seja de responsabilidade individual, é importante que as pessoas façam isto juntas, estabelecendo um tempo especial para isso.
Há algumas pessoas que desprezam essa idéia e dizem que devemos nos arrepender diariamente e instantaneamente quando nos surpreendemos em pecado. Mas, a verdade é que há muitos pecados que cometemos inadvertidamente e, sem ter consciência deles. Nós precisamos gastar tempo em nos concentrar como a comunidade judaica faz nos dez dias de arrependimento.
Para o povo Judeu que não acredita em Yeshua, o processo de arrependimento é complicado pelo fato de que há muitos textos bíblicos que são lidos os cultos do dia da expiação que mencionam a necessidade de sangue e sacrifício para a perdão de pecados. Aqueles que acreditam em Yeshua, o Messias, sabem que o sangue de bodes e touros não mais corre no altar para expiar os pecados de Israel, mas o sangue derramado por Yeshua por nossas transgressões está ainda disponível para expiar e perdoar e redimir os judeus de seus pecados. Minha oração neste ano é que durante estes dez dias de arrependimento o Senhor revelará ao Seu povo amado já proveu o cordeiro para expiação dos pecados. Por outro lado, minha oração é também para que o mundo cristão gaste tempo e avalie seus erros e pecados coletivos e individuais cometidos, e gaste mais tempo ainda re-aplicando o sangue de Yeshua que está ainda fresco e não seco, capaz de perdoar os pecados da humanidade.
Para entender mais sobre o YOM KIPUR, assista ao estudo do rabino Matheus: O YOM KIPUR E A CURA DA NAÇÃO.

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