Jornadas da Adoção: Ministério desperta cristãos para sua responsabilidade com os órfãos
Segundo o ministério, existem 30 mil crianças em situação de acolhimento no Brasil, enquanto há 65 milhões de evangélicos no país.
Mais de 130 mil crianças no Brasil ficaram órfãs por causa da Covid-19, entre março de 2020 a abril deste ano, de acordo com uma estimativa publicada na revista científica Lancet. O aumento no número de crianças sem família na pandemia levantou uma discussão sobre a responsabilidade dos cristãos com os órfãos.
Muito antes da crise do coronavírus, o ministério “Jornadas da Adoção”, ligado à igreja Zion Church, tem feito essa discussão no meio evangélico e orientado famílias cristãs que desejam adotar. O projeto foi criado em 2018 pelo casal Carla e Daniel De Tomazo para ajudar outros casais a responderem a pergunta “Adoção é para mim?”.
Quando o casal adotou suas filhas, as gêmeas Paola e Pietra, e as levou na igreja, gerou muita curiosidade e muitas pessoas os procuraram para perguntar sobre adoção. Foi assim que eles viram uma oportunidade de ajudar outras famílias e levar informação sobre a causa.
“Percebemos que a maior parte das pessoas não sabem como funciona o processo de adoção. Tem pessoas que acham que é só ir em um abrigo e ‘escolher’ uma criança. Não sabem de toda preparação e avaliação que é preciso passar”, contou Carla ao Guiame.
Depois de receber confirmação de Deus e ter o apoio dos pastores no ministério de crianças da Zion Church, Lucas e Jackeline Hayashi, o casal iniciou o “Jornadas da Adoção”.
Hoje, o ministério promove o curso Adoção na Prática, que orienta e prepara famílias que pensam em adotar ou que já estão no processo. Além disso, o projeto disponibiliza gratuitamente informações e conteúdos sobre adoção em sua página no Instagram.
O chamado para cuidar dos órfãos
De acordo com o Jornadas da Adoção, existem 30 mil crianças em situação de acolhimento no Brasil, enquanto há 65 milhões de evangélicos no país. O ministério tem trabalhado na conscientização no meio cristão com o propósito de mudar essa triste realidade.
Para Carla De Tomazo, os seguidores de Jesus devem se importar com esse problema social. Ela lembra que a Igreja é chamada por Deus para o cuidado com os órfãos. “Nós nos tornamos filhos de Deus através da adoção e Ele chama os cristãos para cuidarem dos órfãos. Essa é nossa responsabilidade”, ressaltou.
Tomazo citou algumas passagens bíblicas que falam da responsabilidade dos cristãos com a adoção, como Tiago 1:27: “A religião pura e sem mácula para com o nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições”.
Resistência à adoção e mitos
O casal fundador do “Jornadas da Adoção”, Carla e Daniel, com as filhas Paola e Pietra. (Foto: Arquivo pessoal).
Carla afirma que ainda existe resistência e mitos em relação à adoção que precisam ser quebrados, tanto no meio cristão como no não cristão. Um dos principais mitos, segundo ela, é a questão dos antepassados.
“Os não cristãos têm medo do ‘sangue ruim’ que a criança possa vir, enquanto que alguns cristãos falam sobre o medo da hereditariedade”, explica. Tudo isso não passa de falta de conhecimento, segundo Carla. “Interessante que nesse momento todos acham que tem um ‘sangue maravilhoso’ e que a própria hereditariedade é a melhor de todas”, brinca.
“Eu, o pastor e todos nós temos sempre alguma questão na família, que quando identificada, Deus é poderoso para quebrar toda e qualquer maldição. Então, por que seria diferente em relação a criança que foi adotada? Como se o sangue de Jesus só tivesse poder para quebrar as maldições de nossas vidas e não na vida dos órfãos”, ponderou.
A líder do “Jornadas da Adoção'' destaca também que existe um mito que apenas cristãos possuem, que é a crença de que quando Deus deseja dar um filho, Ele dará apenas através do ventre e que o casal precisa orar para ter um filho biológico.
“Como se Deus não quisesse dar filhos através da adoção e como se o filho vindo através da adoção não fosse o seu filho de verdade. Deus escolhe alguns para serem pais de crianças que já nasceram”, afirmou Carla.
Para a cristã, a adoção também é um milagre, dando exemplo de seu próprio testemunho com as filhas. “Deus une aqueles que desejam ser pais às crianças que não tem. É um encontro divino. Para nós, por exemplo, tinha que ser Paola e Pietra. Deus separou e guardou nossas meninas, até que Ele nos levou até elas. Ser pais de filhos que Deus já separou, escolheu e levou até você é um milagre”, refletiu.
Carla e o esposo Daniel relatam que chegaram a sofrer preconceito por pessoas sem conhecimento. “Quando anunciamos que íamos adotar, falaram coisas do tipo: ‘vocês precisam ter fé para ter um filho’ ou tentavam colocar as mãos em minha barriga e profetizar”, relatou Carla.
A família De Tomazo foi muito acolhida por sua igreja e familiares, mas a mãe diz que sabe que ainda acontecem casos de preconceitos com famílias adotivas. “Por isso, criamos o Jornadas da Adoção, para desmistificar esses temas, os mitos em torno da adoção, e acolher as pessoas que estão passando por isso”, declarou Carla.
Chamados para serem pais através da adoção
O casal cristão Priscila e Eliel Barbosa adotou o Pedro ainda bebê. (Foto: Arquivo pessoal).
Uma das famílias que participam do “Jornadas da Adoção'' é o casal Priscila de Lima e Eliel Barbosa. Ambos sempre amaram crianças, faziam ações sociais em abrigos e também servem no ministério infantil de sua igreja. Já desde antes de se casarem, eles falavam da possibilidade de adotarem.
Depois de cinco anos de matrimônio, o casal encontrou dificuldades em engravidar e fez exames para verificar qual era o problema. “Foi então que o Eliel foi diagnosticado com esterilidade. Ele ficou sem chão no início. Mas relembramos do desejo que já tínhamos e nesse momento tivemos certeza que Deus estava confirmando o plano dele em nossas vidas: sermos país através da adoção”, testemunhou Priscila ao Guiame.
Após mais de três anos em processo de habilitação e espera, o casal recebeu a tão esperada notícia de que havia um bebê de oito meses apto para adoção. “Fomos conhecê-lo e no mesmo dia ele veio para casa. Bem no dia do meu aniversário. Deus já tinha preparado tudo para nós nos mínimos detalhes”, disse a mãe.
Lembrando que DNA e laços sanguíneos não definem uma família, Priscila contou que no primeiro encontro com o filho Pedro os laços afetivos já se formaram. “O Pedro logo me reconheceu como sua mãe. Recém-nascido, ele acariciou com as mãozinhas o meu rosto e Deus ainda me deu o privilégio de amamentá-lo. Algo que que eu nem imaginava viver”, revelou.
A mãe relatou também que através da história de sua família, muitos outros cristãos abriram o coração para a adoção. “Inicialmente, as pessoas me falavam que Deus iria fazer um milagre e iríamos engravidar. Mas com o tempo perceberam que nosso milagre já está em nossos braços”, disse a cristã.
Hoje, o filho Pedro já tem 4 anos e é a alegria de seus pais, que tem compartilhado seu testemunho e experiência no Instagram “Minha família e a adoção”, com mais de 50 mil seguidores.
Segundo Priscila, os cristãos precisam compreender que a adoção está no coração de Deus. “Jesus era filho adotivo de José, Moisés foi adotado pela filha de Faraó, temos grandes exemplos na Bíblia. Todos nós somos uma família, todos fomos adotados por Deus”, observou.
“Hoje entendemos o quanto valeu a pena esperar. Nosso filho é o maior presente que Deus poderia nos dar. O Pedro veio pra transformar a nossa história. Somos gratos a Deus”, celebrou a mãe. E revelou: “E em breve nossa família aumentará novamente pois estamos na fila já há 2 anos e meio, à espera de uma menina”.
Fonte: Guiame Gospel
Nenhum comentário:
Postar um comentário