Onde estavam os cristãos no Holocausto? Diretor de arte faz relação entre Igreja e judeus
“Guardado em Silêncio” é o terceiro espetáculo da CIA Alvo de Teatro, que assina a direção.
fonte: Guiame
Atualizado: Sexta-feira, 5 Março de 2021 as 10:15
Com pesquisas baseadas em filmes e livros que tratam do tema Holocausto, “Guardado em Silêncio” é o terceiro espetáculo da CIA Alvo de Teatro, dirigida por Fabiano Moreira. Para falar sobre a peça, que estreou em 2018 e agora está sendo exibida online devido à pandemia, o diretor participou de uma live do Guiame.
Presidente da ACRIART (Associação Cristã de Artistas), Fabiano contou sobre a proposta do espetáculo, que parte do questionamento “Onde estavam os cristãos no Holocausto?”
“Guardado em Silêncio” aborda o papel da igreja no massacre dos judeus com reflexões segundo a ótica cristã. De acordo com Fabiano, que também dirige o espetáculo, a peça foi inspirada na carta aos Romanos.
“Nossa inquietude nos levou a desenvolver um espetáculo a partir da leitura de Romanos”, explica Fabiano, contando como aconteceu a inspiração para “Guardado em Silêncio”.
“Alguns textos saltaram aos nossos olhos, como o versículo 2 do capítulo 12 de Romanos que fala sobre não nos conformarmos com o mundo, mas transformar pela renovação da mente”, explica.
Diante dessa questão, colocada pelo apóstolo Paulo, o grupo começou a refletir sobre as atrocidades que existem no mundo, diz Fabiano: “Como um soldado, que matou tanta gente, poderia renovar seu entendimento?”
Reflexões
Segundo o diretor, o espetáculo começou a ser desenvolvido a partir de um bate-papo com a equipe de dramaturgia. A peça traz um alemão, pós-Holocausto, preso dentro de sua casa e de sua própria culpa, precisando de uma renovação da mente.
“Ele começa a dialogar com a sua memória e com a sua imaginação em busca da libertação dessa culpa que o estava assolando. A sua memória diz o que foi, e a sua imaginação, como teria sido”, explica.
Uma das grandes críticas do espetáculo diz respeito ao silêncio dos cristãos durante o Holocausto. A inquietude diante da questão trouxe o nascimento da Igreja Confessante, pelas mãos do pastor Dietrich Bonhoeffer, que se tornou membro da resistência alemã anti-nazista por não concordar com o que estava acontecendo.
“Fomos por aí, e não pelos que estavam coniventes”, conta Fabiano, apontando tanto católicos quanto protestantes que “lavaram as mãos” diante daqueles fatos.
O diretor diz que acredita que esse silêncio da igreja foi provocado pelo medo e por questões relacionadas ao ambiente político e decadência econômica do pós-guerra. “Dentro desse contexto de medo e pressão, tivemos muitos que se calaram nessa história”, diz.
Ele conta que, além dos judeus, alemães contrários ao regime de Hitler foram presos e alguns mortos, incluindo o Pr. Bonhoeffer. Para tentar manter a igreja viva, ele criou cultos subterrâneos.
Veja a live completa:
Os interessados em conhecer o trabalho da Associação Cristã de Artistas pode acessar o site www.acriart.org.br, onde constam todas as atividades do grupo, incluindo cursos.
Fonte: Guiame Gospel
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