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quinta-feira, 2 de maio de 2024

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O exemplo das parteiras dos hebreus

Sem essas parteiras, não teria sido possível o nascimento de Moisés — libertador e legislador de Israel.

FONTE: GUIAME, GETÚLIO CIDADEATUALIZADO: QUARTA-FEIRA, 1 DE MAIO DE 2024 ÀS 14:50
(Captura de tela/YouTube/Foca na História)
(Captura de tela/YouTube/Foca na História)

Ao chegar ao fim de mais uma Festa de Páscoa — a Festa da Liberdade — gostaria de trazer à memória duas personagens pouco faladas, porém, intimamente relacionadas a ela. Refiro-me às parteiras dos hebreus no Egito durante o exílio do povo de Jacó. Embora esquecidas da maioria, o fato central, porém, é que, sem essas parteiras, não teria sido possível o nascimento de Moisés — libertador e legislador de Israel. E sem Moisés, não haveria Páscoa nem o Êxodo do Egito.

Essas mulheres surgem em um período crítico na história de Israel. Quatro séculos se passaram e José que fora vice-rei do Egito era uma lembrança distante. O faraó que ascendera ao trono não o conhecera, bem como temia a multiplicação do povo hebreu que crescia cada vez mais forte e numeroso em sua terra. Ele os submeteu a trabalho escravo para os dominar. E, não satisfeito, deu ordem às parteiras dos hebreus para que matassem todos os bebês do sexo masculino ao nascerem.

A primeira coisa que me chama a atenção no capítulo 1 de Êxodo é que os únicos nomes citados no início do livro são os patriarcas das doze tribos, além de seu pai Jacó. Nem mesmo o nome do faraó é citado. Além dos patriarcas, os únicos outros nomes citados são os das duas parteiras-chefes: Sifrá e Puá. O próximo nome a ser citado após elas é o de Moisés, no capítulo 2. Sifrá e Puá são o conduíte entre os patriarcas e Moisés. Elas foram as responsáveis indiretas pela redenção de Israel. O motivo disso foi o descumprimento da ordem de faraó para matar os bebês meninos (Êx. 1:17).

Esse pode ter sido o primeiro ato de desobediência civil da História e, graças a ele, uma geração inteira foi salva da morte, incluindo Moisés. Elas desobedeceram não por simples rebeldia, mas por temerem a Deus antes de tudo. Sem isso, o povo escravo estaria fadado à extinção, não haveria nenhum libertador, não haveria Êxodo e toda a semente de Abraão estaria comprometida. Não é de surpreender que seus nomes estejam eternizados na Torá.

Não há registros de que as parteiras dos hebreus tenham sido descobertas por sua desobediência e mortas por faraó. Isso, no entanto, não diminui o brilho de sua coragem e seu amor pelo próximo, arriscando suas vidas diariamente a cada parto. A história da liberdade da Páscoa se inicia com a atuação corajosa das parteiras dos hebreus, mulheres que temeram mais a Deus do que os homens.

As parteiras e a missão de Moisés

A mesma coragem, zelo e temor a Deus que nortearam a vida daquelas mulheres serviram de inspiração para Moisés. É certo que ele conhecia a história de seu povo, mesmo tendo sido criado no palácio de faraó. Ele sabia da história das parteiras que auxiliaram no nascimento dos bebês hebreus e da bravura demonstrada ao arriscarem suas vidas para que eles vivessem, incluindo o próprio Moisés. Na luta para libertar seu povo do jugo da servidão, ele não poderia fazer menos.

É com a fé em seu chamado, com o temor do Senhor e inspirado na coragem e entrega das parteiras dos hebreus que Moisés parte em direção ao Egito, já aos oitenta anos de idade, levando consigo seu cajado com o qual operaria milagres tremendos a fim de libertar seu povo Israel. O mesmo comportamento de fé e coragem é demonstrado por ele ao entrar no palácio real e desafiar faraó com as palavras ditas pelo Senhor: “Deixa meu povo ir”. Ele não teme o que lhe pode fazer faraó, nem toda sua guarda real, nem os feiticeiros do Egito que tentam, em vão, imitá-lo para intimidá-lo.

Moisés tem uma missão dada pelo Altíssimo e mergulha nela de cabeça, sem medo de ser ferido ou morto. Como as parteiras dos hebreus, ele foi impelido pelo temor do Senhor e não pelo medo de faraó. A verdade é que o homem que teme a Deus em seu coração e se submete a seus mandamentos para balizar suas palavras e ações não precisa temer nada nem ninguém. Assim, ele serve de canal para trazer as dez pragas sobre o Egito, enfrentando, em cada uma delas, a crescente hostilidade de faraó e do povo egípcio, porém, sem medo da morte, mas com foco em sua missão de libertar Israel.

As parteiras e a missão do Messias

A mesma coragem e espírito de entrega e sacrifício foram vistas em Yeshua, o verdadeiro Cordeiro Pascal. Como as parteiras dos hebreus e Moisés arriscaram suas vidas, enfrentando faraó — homem mais poderoso da Terra em sua época —, Yeshua arriscou a sua, enfrentando os poderosos de seu tempo. Ele sabia, no entanto, que entregaria sua vida no final em sacrifício por toda a humanidade, derramando seu próprio sangue para trazer uma liberdade bem mais abrangente aos homens. E, assim, Ele rendeu sua vida na mesma tarde do dia 14 de Nisan, quando o cordeiro pascal foi sacrificado por cada lar hebreu no Egito.  

Ele falou apenas a verdade, levantou-se contra a injustiça, ensinou a vontade de Deus e afrontou a hipocrisia e malícia dos religiosos e poderosos de seu tempo. Ensinou-nos a não temer os que podem matar o corpo e não podem matar a alma, mas a temer aquele que tem o poder de destruir tanto a alma quanto o corpo no gei hinnom (inferno) (Mt. 10:28). Antes de ser condenado à morte, não temeu ao ser levado perante as mais altas autoridades religiosas e políticas, dando testemunho corajoso da verdade.

Quando milhares de famílias se assentam para comer a Páscoa do Senhor, praticamente nenhuma menção é feita a Sifrá e Puá — mulheres que tiveram seus nomes registrados por Deus em sua Torá pelo temor a Ele e pela coragem diante dos homens, sentimentos opostos, porém, externados na direção correta. Isso não diminui a importância que suas vidas desempenharam na redenção de Israel, abrindo caminho para Moisés, libertador da nação e, mais adiante, para o Messias, Libertador da humanidade, inspirando-os com coragem e fé. Que a memória dessas mulheres seja uma bênção!

 

Getúlio Cidade é escritor, tradutor e hebraísta, autor do livro A Oliveira Natural: As Raízes Judaicas do Cristianismo e do blog www.aoliveiranatural.com.br.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

 

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Alexandrepfilho Gospel Via Guiame Gospel 

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