O mês de Cheshvan e
o pacto pós-dilúvio
Na Bíblia, Cheshvan é chamado chôdesh bul,
da palavra mabul, “o dilúvio”.
FONTE: GUIAME, MÁRIO MORENO
ATUALIZADO: TERÇA-FEIRA, 20 OUTUBRO DE 2020 AS 12:49
Segundo o Sêfer Yetzirah, cada mês do ano judaico tem uma
letra do alfabeto hebraico, um signo do Zodíaco, uma das doze tribos de Israel,
um sentido e um membro controlador do corpo que correspondem a ele.
Cheshvan é o oitavo mês do calendário judaico.
Na Bíblia, Cheshvan é chamado chôdesh bul, da palavra mabul,
“o dilúvio”. O dilúvio começou a 17 de Cheshvan e terminou no
ano seguinte, a 27 de Cheshvan. No dia seguinte, Nôach ofereceu
um sacrifício a D’us e D’us prometeu jamais enviar um dilúvio sobre a
terra novamente para destruir toda a humanidade, e então revelou o sinal de
Seu pacto com o mundo, o arco-íris.
Cheshvan é o único mês que não possui dias festivos ou mitsvot especiais.
Aprendemos que este mês “está reservado” para o tempo de Mashiach,
que inaugurará o Terceiro Templo.
Letra: nun
Nun é considerada como sendo a letra de Mashiach, como está escrito
(com referência a Mashiach): “antes do sol, está seu nome
Ye-non [de nun]” (Tehilim 72:17). Como radical do verbo, nun significa
“reinar“. Como substantivo, significa “o herdeiro do trono“. O
oitavo mês é o mês de Mashiach, pois oito significa a eterna revelação do
sobrenatural (o estado consumado de natureza retificada é o segredo do
número sete). Como a “harpa” deste mundo possui sete cordas, a
harpa de Mashiach possui oito cordas. Assim como 8 transcende o 7,
assim também 50 (o valor numérico de nun) transcende 49,7 ao quadrado.
Neste mundo, o nun está curvado, confinado pelos limites da natureza.
Com a vinda de Mashiach, o nun “se endireita” (o formato do nun final),
rompe os limites da natureza e desce “abaixo da linha” até os reinos
subterrâneos da realidade a fim de ali revelar a a luz
infinita e abrangente de D’us.
Mazal: akrav (Escorpião).
Nossos Sábios ensinam que o escorpião é o membro mais
mortal da categoria geral de criaturas peçonhentas cuja figura modelo é
a serpente primordial do Éden. A palavra akrav deriva da palavra akev
(calcanhar) como está escrito: “E tu [a serpente] o morderá
[o homem] no calcanhar” (Bereshit 3:15). Assim, o akrav simboliza a “mordida”
consumada da cobra no calcanhar do homem. De forma geral, o
veneno da cobra é “quente”, e o veneno do escorpião é “frio”. O Mashiach
é a única alma que pode superar, matar e por fim reviver a serpente primordial
(a fim de convertê-la para o bem).
A alma de Mashiach e seu contínuo estado de consciência manifestam a suprema retificação de “calor”, “ardendo” somente em seu amor por D’us e Israel, bem como de “frio” – “totalmente frio” às falsas vaidades desse mundo.
Este é o segredo da equação numérica: Mashiach (358) = serpente
(nachash). Akrav (372) = Mashiach (nachash mais David (=14);
nun é a 14ª letra do alef-beit). As letras radicais de Cheshvan permutam-se
para escrever nachash (em Cheshvan o nun está “endireitado”;
em nachash está “curvado”.
Tribo: Menashe
Menashe é o primogênito de Iossef. Derivando da palavra “esquecer”
(literalmente, “saltar, para cima e para longe“), Menashe sugere o
poder do tsadic (Yossef) de nos fazer esquecer as provações, dificuldades
e tribulações deste mundo, com a vinda de Mashiach. Pelo
poder e sentido de Menashe, todo o sofrimento deste mundo se
transformará e metamorfoseará no prazer da Era Messiânica. O nome
Menashe permuta-se para grafar neshamá (alma). Menashe representa
o sentido de revelar a alma Divina em Israel.
Na Torah Moshê é chamado Menashe, pois Menashe é Moshê (Moisés)
com um nun adicional (a letra de Cheshvan). Sobre Moshê foi dito: “Ele é
o primeiro redentor e ele é o redentor final” (Veja Shemot Rabah 4:2;
Zohar 1:253a; Sha’aar HaPesukim, Vayechi; Torah Or, início de Mishpatim).
Em sua primeira vida (como o “primeiro redentor”) ele não atingiu o
“50º portal do entendimento” (o entendimento do Próprio D’us, por assim dizer,
e Sua mais profunda intenção na criação do universo). Quando
ele retorna como Mashiach, receberá para sempre o “50º portal”,
o nun de Mashiach, o segredo de Menashe (Moshe-nun. No Zohar,
aprendemos que quando Moshê pela primeira vez deixou este mundo,
recebeu o “50º portal” e foi “sepultado”. Através do estudo da Mishná,
(no tempo do exílio) revelamos a neshamá de Israel e portanto
merecemos a redenção de Moshê-Mashiach e a revelação para todos
na terra do “50º portal”.
Sentido: olfato
O sentido do olfato é o mais espiritual de todos os sentidos.
A palavra hebraica para “olfato“, rei’ach, é cognata àquela para espírito (ruach).
Nossos Sábios ensinam que o olfato é o único sentido que “a alma desfruta,
e não o corpo”.
“Alma” – neshamá – é uma permutação de Menashe, como foi
mencionado acima. O sentido do olfato é o único sentido (dos cinco sentidos comuns)
que não participou, e portanto não foi maculado ou corrompido no pecado
primordial do homem no Jardim do Éden. É o sentido que salvou o povo judeu
na época de Mordechai e Esther, que são chamados Mor veHadas
(“mirra e murta” – as duas fontes primárias de fragrância). Está declarado
explicitamente que o sentido de Mashiach é o olfato. “E ele cheirará na
reverência a Elohim” – “ele julgará pelo odor” (ao invés de pela visão ou
audição – Ieshayáhu 11:3; Sanhedrin 93b). Por meio de seu sentido do olfato
(seu ruach hacôdesh, “espírito sagrado”) Mashiach saberá como conectar
cada alma judia à sua raiz Divina, e assim identificar sua tribo (ramo) em Israel.
Controlador: Intestinos
A palavra para “intestinos” (dakin) deriva da palavra “pequena” (daká)
ou “partícula” (dak). Isso implica o poder de dissecar em partes pequenas
e refinadas. No processo de preparar o incenso para o Templo (a suprema
expressão do sentido do olfato no serviço do Templo), deve-se dizer
(e repetir muitas vezes) “moa bem, moa bem” (hadek heitev, heiteiv hadek:
hadeik de dak). Todos os sacrifícios no serviço do Templo são para produzir
“um aroma satisfatório” (rei’ach nichoach) e agradar o Divino sentido de olfato,
que implica a Divina “satisfação” com o serviço de Seus filhos, Israel em
particular e com Sua criação em geral.
Nossos Sábios interpretam a expressão rei’ach nichoach como “Eu estou
satisfeito (nachat ruach), pois falei e Minha vontade foi cumprida”. Esta satisfação
Divina com o homem e a criação foi primeiro expressa a 28 de Cheshvan,
quando Nôach ofereceu seu sacrifício a D’us. Devido à Sua satisfação,
D’us prometeu a Nôach jamais destruir o mundo novamente através do dilúvio.
Como está expresso claramente nas leis da Torah, é a gordura dos intestinos
que quando oferecida sobre o altar produz o aroma “satisfatório” para D’us.
Por este motivo, considera-se que os intestinos controlam o sentido do olfato.
Por Rav. Mário Moreno, fundador e líder do Ministério Profético
Shema Israel e da Congregação Judaico Messiânica Shema Israel
na cidade de Votorantim. Escritor, autor de diversas obras, tradutor da Brit Hadasha –
Novo Testamento e conferencista atuando na área de Restauração da Noiva.
*O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total
responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: Festa das Cabanas para judeus e gentios
Alexandrepfilho Via Guiame Gospel
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