Parceria entre Prefeitura e
igrejas pode ser solução
para acolher quem vive nas ruas
A colaboração entre o poder público e entidades religiosas em
função de interesses comuns também é algo constitucional.
FONTE: GUIAME, MARISA LOBO
ATUALIZADO: SEGUNDA-FEIRA, 26 OUTUBRO DE 2020 AS 12:22
Tenho defendido algo que para algumas pessoas é motivo de crítica, mas
para mim é de solução, esperança e oportunidade. É a possibilidade do
poder público fazer parcerias com igrejas para o acolhimento de pessoas
que vivem nas ruas, ajudando na recuperação social de quem mais precisa.
Pense honestamente: quais instituições no Brasil e no mundo realizam mais
trabalhos filantrópicos, lidam com a pobreza e os dilemas humanos de
forma diária, servindo de apoio nas situações mais difíceis na vida? São as igrejas!
O Estado oferece programas sociais, mas eles não chegam perto da
experiência das igrejas no enfrentamento diário dos problemas humanos de
forma mais íntima, onde as emoções muitas vezes são o principal fator de
desencadeamento do abuso de drogas, da violência doméstica, discriminação,
do descontrole financeiro e por consequência da moradia nas ruas.
A igreja é por essência um lugar de humanidade e restauração. Não é por
acaso que o projeto de maior sucesso de combate à dependência química que
temos no país se chama “Cristolândia”, mantido pela Convenção Batista Brasileira.
Se trata de um programa de alcance nacional que já restaurou a vida de
milhares de pessoas, antes excluídas do convício social por causa do
abuso de drogas.
Parceria pró-vida
Particularmente, acredito que Curitiba pode ser pioneira no Brasil ao fazer
parceria com igrejas para acolher pessoas em situação de rua. Isso pode
acontecer, por exemplo, através do inventivo público mediante a oferta de
equipamentos e capacitação de pessoal, visibilidade e logística.
Muitas igrejas possuem templos espaçosos, onde há salas não utilizadas
que podem servir de acolhimento para um momento de refeição, por exemplo,
aconselhamento psicológico, atendimento jurídico, capelania, etc.
Banheiros podem servir como locais seguros de higienização básica,
como um simples banho. Moradores de rua muitas vezes não
encontram lugares decentes onde possam trocar de roupa e se lavar.
Existem igrejas onde parte da sua infraestrutura pode ser dedicada para isso,
desde que com o apoio da Prefeitura, por exemplo, oferecendo
saneamento e limpeza.
Não é proselitismo, mas humanidade
Uma das principais críticas a esse tipo de ideia é a do proselitismo.
Algumas pessoas argumentam que prefeituras não poderiam fazer esse tipo
de parceria porque isso violaria o “Estado laico”, só que não!
A colaboração entre o poder público e entidades religiosas em função de
interesses comuns também é algo constitucional. Além disso, todo
cidadão é livre para decidir expressar, aderir ou negar alguma crença.
Quem busca serviços de acolhimento de confissão religiosa faz isso voluntariamente.
Assim como já acontece nas Comunidades Terapêuticas de combate à
dependência química, e que são de confissão religiosa, templos
parceiros da Prefeitura para o acolhimento básico de moradores de rua teriam
a mesma finalidade e lógica de funcionamento: nada impositivo, mas sim voluntário!
Vale ressaltar também que quando me refiro a igrejas, não estou restringindo a
ideia à uma religião específica. Qualquer entidade religiosa reconhecida,
idônea e apta em termos de pessoal e infraestrutura pode ser uma unidade parceira.
A ideia final, portanto, é colaborar, acrescentar, sempre de forma voluntária de
ambos os lados. Com isso, se podemos agregar, ampliando nossas opções
para alcançar a quem mais precisa, o que nos impede?
Por Marisa Lobo é psicóloga, especialista em Direitos Humanos e
autora dos livros "Por que as pessoas Mentem?", "A Ideologia de Gênero
na Educação" e "Famílias em Perigo".
* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de
total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião
do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: Você reflete na posição política os valores
Fonte: Guiame Gospel
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