Deus envia pragas e pestes à humanidade?
Escatologia — Fim dos Tempos
fonte: Guiame, Cris Beloni
Atualizado: Terça-feira, 15 Junho de 2021 as 3:10
“Seu esplendor era como a luz do sol; raios lampejavam de sua mão, onde se escondia o seu poder. Pragas iam adiante dele; doenças terríveis seguiam os seus passos.” (Habacuque 3.4-5)
Esse texto bíblico foi selecionado para estudo por alguns motivos. Primeiro porque a mensagem de Habacuque é muito significativa para o nosso tempo, como veremos a seguir. Segundo porque o nome do profeta, em hebraico, significa “abraçar”. Um abraço em tempos de pandemia, como este que estamos vivendo, é algo muito valioso. Então, apesar do isolamento social por conta do Covid-19, sinta-se abraçado por Deus nesse momento, através de sua Palavra.
Vamos ao estudo
O que será que o texto quer dizer com “pragas iam adiante dele; doenças terríveis seguiam os seus passos.”
Pode parecer estranho, mas o personagem oculto dessa passagem é o próprio Deus. Como podemos entender esse cenário? Normalmente, destacamos que Deus é o próprio amor, a cura para os doentes, o alimento dos necessitados e a paz para os aflitos. Então como entender que Deus permite uma cena violenta, com pragas, doenças e guerras?
Pragas e pestes
Precisamos compreender primeiro o significado da palavra “praga” e depois saber o que significa “peste” para que não haja dúvidas no meio desse estudo. Os dicionários do nosso tempo dizem que “praga” quer dizer maldição e que essa maldição chega por meio de tragédias, calamidades e sofrimentos.
Pestes, por sua vez, são doenças contagiosas ou infecções causadas por meio de animais. Logo, as pragas podem também chegar através de pestes. Resumindo: pragas podem ser doenças que se espalham, invasão de animais e insetos, catástrofes vindas pela fúria da natureza e também eventos que envolvem tragédias naturais. É o que a Bíblia nos mostra. Seguem alguns exemplos:
As 10 pragas do Egito (Êxodo, capítulos 7 a 11):
- Poluição das águas (Êxodo 7.17)
- Invasão de rãs (Êxodo 8.2)
- Pediculose, que é o surto de piolhos (Êxodo 8.16)
- Infestação de moscas, que atingiu o gado (Êxodo 8.21)
- Doenças em animais (Êxodo 9.3)
- Doenças graves de pele, em pessoas e animais (Êxodo 9.8)
- Chuva de granizo que atingiu homens, animais e a vegetação (Êxodo 9.18)
- Ataque de gafanhotos que devorou o que restou das plantações (Êxodo 10.4)
- Trevas, que foi um fenômeno natural (Êxodo 10.21)
- Morte dos primogênitos (Êxodo 11.5)
Só aqui vimos vários tipos de pragas, vindas por meio de anfíbios, insetos, pestes, fenômenos da natureza e até morte. Quem enviou essas pragas? A Bíblia é clara quanto a isso. Relembre nos textos:
Praga 1 – “Eu ferirei as águas...” (Êxodo 7.17)
Praga 2 – “Mandarei sobre todo o seu território uma praga de rãs.” (Êxodo 8.2)
Praga 3 – “Diga a Arão que estenda a sua vara e fira o pó da terra, e o pó se transformará em piolhos.” (Êxodo 8.16)
Praga 4 – “Enviarei enxames de moscas para atacar você...” (Êxodo 8.21)
Praga 5 – “Saiba que a mão do Senhor trará uma praga terrível sobre os rebanhos do faraó que estão nos campos.” (Êxodo 9.3)
Praga 6 – “Tirem um punhado de cinza de uma fornalha, e Moisés a espalhará no ar, diante do faraó. Ela se tornará como um pó fino sobre toda a terra do Egito, e feridas purulentas surgirão nos homens e nos animais em todo o Egito.” (Êxodo 9.8-9)
Praga 7 – “Mandarei desta vez todas as minhas pragas contra você.” (Êxodo 9.14)
Praga 8 – “Farei vir gafanhotos sobre o seu território amanhã.” (Êxodo 10.4)
Praga 9 – “Estenda a mão para o céu, e trevas cobrirão o Egito.” (Êxodo 10.21)
Praga 10 – “Todos os primogênitos do Egito morrerão.” (Êxodo 11.5)
São ordens de Deus, pragas que Ele mesmo enviou e situações que administrou, estabelecendo a forma como viriam e o tempo que durariam. Além disso, deixou claro que havia um propósito em tudo isso.
Precisamos refletir no Salmo 78. Ele nos revela muito mais sobre essa situação específica das pragas no Egito. Essas histórias não foram registradas na Bíblia à toa. Você pode estar pensando agora: mas isso está no Antigo Testamento. Então vamos para o Novo:
“Saíram do santuário os sete anjos com as sete pragas.” (Apocalipse 15.6)
Quais são essas sete pragas reservadas para o fim dos tempos?
O livro de Apocalipse diz que os anjos “vão derramar sobre a terra as sete taças da ira de Deus” (Apocalipse 16.1).
Antes disso, João anunciou as pragas das trombetas que destruiriam um terço de tudo na terra. Mas as pragas das taças serão enviadas para a destruição total. Vamos ao resumo sobre essas pragas:
Primeira (sobre a terra)
Feridas malignas e dolorosas naqueles que terão a marca da besta. (Ap 16.2)
Segunda (sobre o mar)
Se transformará em sangue, como de um morto, e morrerá toda criatura do mar. (Ap 16.3)
Terceira (sobre rios e águas potáveis)
Os rios e fontes de águas se transformarão em sangue. (Ap 16.4)
Quarta (sobre a luz)
O sol terá poder para queimar os homens com fogo. (Ap 16.8)
Quinta (sobre o mal)
O trono da besta ficará em trevas. (Ap 16.10)
Sexta (preparo para a grande batalha)
A praga será derramada sobre o grande rio Eufrates, sua água secará e abrirá o caminho para os reis que vêm do Oriente. (Ap 16.12)
Sétima (consumação de tudo)
Do santuário sairá uma forte voz, vinda do trono, dizendo: Está feito! (Ap 16.17)
Sobre as pragas, falamos do passado (Dez pragas do Egito) e sobre o futuro (Sete pragas do Apocalipse). E quanto ao presente? Estamos vendo pragas e pestes em nosso tempo? Vamos ver o que a Bíblia diz:
“Haverá grandes terremotos, fomes e pestes em vários lugares, e acontecimentos terríveis e grandes sinais provenientes do céu.” (Lucas 21.11)
“Cuidado, que ninguém os engane. Pois muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo! e enganarão a muitos. Vocês ouvirão falar de guerras e rumores de guerras, mas não tenham medo. É necessário que tais coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. Nação se levantará contra nação, e reino contra reino. Haverá fomes e terremotos em vários lugares. Tudo isso será o início das dores.” (Mateus 24.4-8)
"Então eles os entregarão para serem perseguidos e condenados à morte, e vocês serão odiados por todas as nações por minha causa. Naquele tempo muitos ficarão escandalizados, trairão e odiarão uns aos outros, e numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos. Devido ao aumento da maldade, o amor de muitos esfriará, mas aquele que perseverar até o fim será salvo. E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim.” (Mateus 24.9-14)
O que podemos entender através desses textos?
Lemos sobre profecias e sinais, mas perceba que há pragas e pestes presentes nesses textos e acontecimentos terríveis. Você se lembra do que falamos sobre o significado da palavra “praga”? Maldição por meio de tragédias, calamidades e sofrimentos.
Que tipo de sofrimento estamos vivendo hoje? O que está acontecendo no planeta? Qual o contexto de cada nação nesse exato momento? Entenda que há pragas que atingem só alguns países e outras que se espalham pelo mundo.
Há calamidades locais e também globais. Amplie a sua visão para esse tema. A questão não se limita só ao dia de hoje, mas a toda a história da humanidade. E a Bíblia conta essa história para nos ajudar a entender em que tempo vivemos e como Deus tem cuidado de nós.
O profeta Habacuque e o abraço de Deus
“Seu esplendor era como a luz do sol; raios lampejavam de sua mão, onde se escondia o seu poder. Pragas iam adiante dele; doenças terríveis seguiam os seus passos.” (Habacuque 3.4-5)
Esse é um trecho do cântico de Habacuque, um livro que tem apenas 3 capítulos, e que tem muito a nos ensinar. Assim como nós, ele viveu numa época de crise social intensa, e ele clamou a Deus assim:
“Até quando, Senhor, clamarei por socorro, sem que tu ouças? Até quando gritarei a ti: Violência! sem que tragas salvação? Por que me fazes ver a injustiça, e contemplar a maldade? A destruição e a violência estão diante de mim; há luta e conflito por todo lado.” (Habacuque 1.2-3)
Quantos de nós já não clamou a Deus pedindo por socorro e parece que nada aconteceu? Quem já teve um familiar ou amigo morto durante um assalto sabe o que é a maldade. É injusto ver prisioneiros que mataram seus próprios pais a sangue frio recebendo indulto no dia dos pais ou das mães.
Também é injusto ver crianças morrendo de fome e pessoas inocentes sofrendo em meio a uma guerra. Se você já ouviu falar dos cristãos perseguidos, já deve ter pensado na injustiça que é uma pessoa boa ser torturada, maltratada ou executada por causa de determinadas leis humanas que proíbem seguir a Cristo. Há tantas coisas injustas neste mundo.
Habacuque viu as maldades de sua época, e nós, estamos vendo as maldades da nossa. Nada mudou! E quando o profeta orou, Deus o atendeu com um socorro muito estranho. Deus enviou os babilônios para atacar Israel como forma de justiça. Ou seja, o que estava ruim, iria ficar muito pior. E é claro que Habacuque retrucou. Assim como nós vivemos retrucando. Ele ficou ali esperando a resposta de Deus, e Ele respondeu:
“O ímpio está envaidecido; seus desejos não são bons; mas o justo viverá pela sua fidelidade.” (Habacuque 2.4)
E na sequência do texto, Deus diz para Habacuque tudo o que iria fazer com aquela nação perversa. A resposta de Deus foi simples: o justo viverá pela fé. E o que é viver pela fé? É acreditar que, apesar do julgamento de Deus, nós ficaremos bem. Nossos olhos podem ver a ira de Deus destruindo a terra e as pessoas más, porém, Ele vai proteger a nossa alma.
Ainda que no meio dessa guerra (e entenda guerra de várias formas: seja ela entre nações ou pessoas, física ou espiritual, atômica ou biológica, intelectual ou ideológica), não importa... Ainda que você morra, no meio disso tudo, a Bíblia diz:
“Não tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno.” (Mateus 10.28)
Ninguém morre antes do tempo. Se não tiver chegado a nossa hora, vamos viver mesmo que vier a Terceira Guerra Mundial e mesmo que vier a pior das pandemias. Mas se morrermos, sabemos que voltaremos para o Pai.
Então, siga o exemplo do profeta Habacuque, que teve uma jornada espiritual incrível. Ele questionou a Deus e ficou em silêncio para ouvir a resposta. Ele se deixou ser transportado da incerteza para fé, da dúvida à adoração e do lamento ao cântico. O desafio dele era o mesmo que o nosso: confiar em Deus em tempos de calamidade. No final, tudo colabora para o nosso bem.
“Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês, diz o Senhor, planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro.” (Jeremias 29.11)
Ainda que venham as pragas e as doenças terríveis, como diz a palavra do estudo de hoje, ore como Habacuque e cante como ele cantou:
“Senhor, ouvi falar da tua fama; temo diante dos teus atos, Senhor. Realiza de novo, em nossa época, as mesmas obras, faze-as conhecidas em nosso tempo; em tua ira, lembra-te da misericórdia.” (Habacuque 3.2)
“Tranquilo esperarei o dia da desgraça que virá sobre o povo que nos ataca. Mesmo não florescendo a figueira, não havendo uvas nas videiras; mesmo falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral nem bois nos estábulos, ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação.” (Habacuque 3.16-18)
Esteja onde você estiver, independente da situação que esteja enfrentando, receba essa palavra como um abraço de Deus.
Por Cris Beloni, jornalista cristã, pesquisadora e escritora. Lidera o Movimento Bíblia Investigada e ajuda as pessoas no entendimento bíblico para a ativação de seus dons. Trabalha com missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análise de textos bíblicos.
* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: Os quatro cavaleiros do Apocalipse já estão rondando a Terra?
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