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sexta-feira, 2 de abril de 2021

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Como o autista vê o mundo

O autista vê o mundo de forma diferente, e nós podemos crescer no entendimento de como isso acontece para contribuir com o desenvolvimento deles.

02/04/2021 Como o autista vê o mundo

Você sabe o que é autismo? Há alguém no seu dia a dia que tenha o Transtorno do Espectro Autista (TEA)? O dia 2 de abril foi escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo para ressaltar os cuidados e o respeito a quem vive com esse transtorno. O autista vê o mundo de forma diferente, e nós podemos crescer no entendimento de como isso acontece para contribuir com o desenvolvimento deles.
Sobre esse assunto, entrevistamos Michele Senra, que é fundadora e musicoterapeuta do Centro de Otimização para a Reabilitação do Autista (CORA) e mãe do Breno Willians, de 19 anos, que é autista. O CORA é um dos projetos apoiados pela Avec.

- Quais atitudes você observa que mais demonstram a forma que o autista vê o mundo?
Existem algumas limitações sensoriais e cognitivas que alteram a forma que eles percebem e reagem a situações sociais. A criança pode, por exemplo, ter sensibilidade muito grande e apresentar dificuldade de estar em ambiente ruidoso, então a parte social fica comprometida. Esse tipo de comportamento não faz mal para eles, mas a sociedade vê como estranho, então eles podem ter a percepção de que as pessoas não gostam deles. Isso pode causar depressão e uma série de outros fatores.

- Como devemos agir: Tentar entrar no mundo deles ou ajudá-los a enxergar de nosso modo?
Devemos ter empatia. Eles têm uma forma diferente de aprender as coisas. Por exemplo, uma criança pequena sem transtorno aprende sobre regras quando é ensinada ou quando observa o grupo social e cultural que convive. A grande questão de pessoas com autismo é justamente a dificuldade nessa área. É preciso criar estratégias para ensinar novas habilidades básicas. Quanto mais conhecemos sobre a criança e o que a motiva, podemos usar disso como um meio de ensino. Se, por exemplo, ela gosta muito de um desenho, este pode ser uma porta de entrada para construir aprendizados em cima dos interesses dela.

- Quais as situações que os deixam desconfortáveis?
Isso vai depender do perfil sensorial da criança. A gente não pode rotular dizendo que todo autista não gosta de contato físico. Tem crianças que têm uma sensibilidade ao toque muito grande e, por isso, um abraço é realmente muito doloroso. Por outro lado, há crianças que buscam essas sensações porque têm necessidade de sentir, tocar, cheirar. Não dá para falar do autismo como algo genérico. É um transtorno, é amplo, com níveis de dificuldade diferentes. A gente tem que ter um olhar muito individualizado.

- Como é o seu relacionamento com seu filho?
Acho que é um relacionamento de muita afetividade e gratidão, porque o Breno me ensinou e me ensina muita coisa. Ele é uma grande lição para mim, tudo começou por ele. É por ele que hoje eu tenho uma profissão, que sou reconhecida como musicoterapeuta. Como mãe, eu procuro ajudar meu filho dentro do meu conhecimento, mas isso não quer dizer que eu saiba o suficiente para fazer o melhor por ele. Significa que eu sei um pouquinho, mas eu sou mãe.
O meu filho também precisa ter terapeuta, e eu preciso ter o retorno deles para que eu possa atuar com o meu filho. A gente tem buscado formas de fazer com que ele fique cada vez mais autônomo, mas é um desafio. É preciso não interromper terapias. Muitos pais desistem quando o filho chega à idade adulta. Não existe alta de terapia no autismo. Existem readaptações de programas terapêuticos voltados para a idade da pessoa, mas a intervenção tem que existir. Nesse aspecto, eu não desisto do meu filho. A gente não pode desistir, tem que acreditar sempre.

Fonte: AVEC

 

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