O cristianismo está enraizado
no judaísmo, diz estudioso
ao traduzir a Bíblia do hebraico
Um estudioso da bíblia busca resgatar a linguagem
e mentalidade hebraica no Novo Testamento, a partir
de seu projeto de tradução.
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO JERUSALEM POST
ATUALIZADO: SÁBADO, 17 OUTUBRO DE 2020 AS 9:51
As raízes judaicas do cristianismo foram observadas por
um estudioso formado na Universidade Hebraica, em Israel,
que ensinou literatura bíblica por mais de trinta anos na
Universidade Oral Roberts, nos Estados Unidos. A pesquisa do Dr. Brad H.
Young foi transformada em uma nova tradução da Bíblia,
chamada de Novo Testamento Bíblico da Herança Hebraica.
“Em vez de empregar a técnica de tradução padrão,
simplesmente selecionando a palavra em inglês mais apropriada
para o grego, fiz a pergunta: qual é o pensamento hebraico e as
palavras que sustentam o texto grego?”, disse Young ao site Jerusalem Post.
Usando este método, a tradução resgata a linguagem e
mentalidade hebraica por trás da igreja primitiva. “Os leitores
agora saberão o que os ouvintes do primeiro século na antiga Israel
teriam ouvido, porque a tradução traz à luz o ambiente judaico cultural,
linguístico e espiritual de Jesus como um judeu”, explica Young.
De acordo com a pesquisadora Tricia Miller, que possui um PhD em
Bíblia Hebraica e atualmente trabalha no departamento cristão do
Comitê de Precisão em Relatórios do Oriente Médio na América
(CAMERA, na sigla em inglês), muitos textos cristãos foram mal utilizados
ao longo dos séculos para “incitar o antissemitismo”.
“Muitas vezes, as passagens bíblicas foram tiradas do contexto”, disse ela.
“Traduções e comentários de grande influência às vezes omitem as
dimensões judaicas dos textos antigos, deixando de fora a fé e as
práticas judaicas que formaram o contexto para o crescimento do
cristianismo na Judeia e Samaria do primeiro século”.
“Em contraste com outras traduções, esta nova versão enfatiza o
crescimento do cristianismo na época e lugar onde a fé nasceu”, disse Miller.
Na tradução de Young, os textos cristãos que muitas vezes foram mal
interpretados para promover o antissemitismo e a deslegitimação do
Estado de Israel podem agora ser entendidos em seu contexto histórico preciso.
“A tradução de Young enfraquece o uso indevido antissemita das escrituras cristãs”,
disse Miller. “Em uma época de crescente antissemitismo, sua tradução é
uma conquista muito importante”.
Erros históricos
Um dos exemplos mencionados por Miller é que muitos acadêmicos ainda
usam mal o termo “Palestina” ao situar a localização de Jesus no primeiro século.
“A antiga Israel não era chamada de Palestina durante a vida de Jesus”, disse ela.
“Os romanos introduziram o termo quando derrotaram a Revolta
de Barcoquebas no segundo século, cerca de cem anos após a morte de Jesus.”
Os colonialistas romanos inventaram a palavra “Palestina” para insultar
a população judia nativa com a memória de seus antigos inimigos,
os filisteus, afirmou Miller.
“Muito depois de Jesus, os romanos substituíram o nome 'Judeia' -
que obviamente não se refere apenas aos judeus, mas também foi o
nome usado durante o ministério de Jesus”, explicou Miller.
A pesquisadora observa que a aplicação incorreta da terminologia
romana tem repercussões políticas até hoje. “Ativistas anti-Israel estão
explorando essa designação romana para alegar falsamente que Jesus não
era um judeu, mas sim um 'palestino', uma designação que não teria significado
para um judeu do primeiro século como Jesus”, disse Miller.
Por isso, ela acredita que a Bíblia da Herança Hebraica pode desfazer
todos os argumentos “daqueles que agora tentam negar as origens
espirituais e culturais de Jesus, em seus esforços para minar o apoio
cristão ao Estado de Israel”.
O projeto de tradução da Bíblia ainda não foi concluído.
Fonte: Guiame Gospel
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