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Seja um líder como Neemias, ‘reconstruindo muros’
Série Reflexões.
“O muro de Jerusalém foi derrubado, e suas portas foram destruídas pelo fogo. Quando ouvi essas coisas, sentei-me e chorei. Passei dias lamentando, jejuando e orando ao Deus dos céus”. (Neemias 1.3-4)
Ao estudarmos o livro de Neemias, vamos analisar elementos importantes que apontam para o caminho da recuperação da Igreja global nos dias de hoje. Os muros simbolizam segurança e proteção contra os ataques do inimigo. Os portões queimados apontam para a falta de justiça.
Neemias lamentou, chorou e jejuou diante dessa situação e inspirou o povo a viver uma fase de restauração e reedificação.
Contexto bíblico
Conforme conta a Bíblia e a História, o cativeiro babilônico aconteceu no ano de 586 a.C., ocasião em que os caldeus destruíram o Templo e a cidade de Jerusalém, levando os judeus cativos durante 70 anos. Neemias nasceu durante o cativeiro.
Em 516 a.C, quando a Babilônia perdeu seu poder para o império medo-persa, os judeus puderam voltar para Jerusalém. O primeiro líder foi Zorobabel, que providenciou a reconstrução do Templo.
O segundo foi Esdras, em 457 a.C, que providenciou o ensinamento da lei de Deus ao povo. E o terceiro foi Neemias, em 444 a.C, que providenciou a reconstrução dos muros, a restauração dos portões e o resgate da fé.
Embora todos os líderes tenham igual importância para o agir de Deus, Neemias chama a nossa atenção por sua atuação mais agressiva e persistente, tornando-se para nós o modelo de liderança ideal para os momentos de crise.
Líderes são intercessores e trabalhadores
Na Bíblia, todos os exemplos de líderes, começando por Jesus, são bastante racionais e espirituais ao mesmo tempo. Um líder não é um rei que se assenta no trono e fica dando ordens, mas um servo que se levanta e se dispõe a “colocar a mão na massa”, inspirando as pessoas ao seu redor a fazer o mesmo.
Resumindo, líderes não atraem empregados, líderes atraem outros líderes. Portanto, todos aqueles que estavam com Neemias, trabalhando na reconstrução dos muros, estavam aprendendo com ele sobre a importância da liderança e o poder da humildade.
Neemias era obediente a Deus, intercedeu pelo seu povo e foi o primeiro a começar o trabalho — administrando, preparando recursos e abrindo o caminho. Em nenhum momento Neemias pensou em desistir, pois estava focado em sua missão.
Ore como Neemias
Antes de falar com o rei Artaxerxes, Neemias já orava em secreto no seu coração:
“Quando ouvi essas coisas, sentei-me e chorei. Passei dias lamentando, jejuando e orando ao Deus dos céus. Então eu disse: Senhor, Deus dos céus, Deus grande e temível, fiel à aliança e misericordioso com os que o amam e obedecem aos seus mandamentos, que os teus ouvidos estejam atentos e os teus olhos estejam abertos para ouvir a oração que o teu servo está fazendo dia e noite diante de ti em favor de teus servos, o povo de Israel”. (Neemias 1.4-6)
Depois da oração, Neemias passou a agir. Ele não precisou “forçar portas”. Perceba que Neemias foi abordado pelo rei por causa de sua visível tristeza e teve a oportunidade de falar sobre o problema com a pessoa certa, estrategicamente.
Reconstrua muros
A história de Neemias tem seu contexto e sabemos que os muros naquela ocasião eram físicos, representando a segurança da cidade de Jerusalém. Naquela época, a segurança dependia das muralhas e das torres com sentinelas.
Estima-se que os muros que circundavam a cidade tinham 4018 metros de comprimento, com 12 metros de altura e 8,5 metros de espessura.
Em caso de ataque, o sentinela tocava a trombeta e avisava o povo, que se preparava para se defender. Mas, espiritualmente, os “muros” da Igreja são a proteção concedida por Deus através de orações, jejuns e comunhão com Cristo.
Qual a importância dos portões de uma cidade?
O Antigo Testamento cita pelo menos 27 portas em Jerusalém. Porém, com as inúmeras destruições que a cidade enfrentou, provavelmente, muitas delas não foram reconstruídas.
Pelos portões as pessoas entravam e saíam da cidade, de forma controlada. Como os portões haviam sido queimados, não havia mais critérios — qualquer um poderia invadir Jerusalém.
O sistema judiciário se instalava justamente nos portões da cidade, onde os juízes julgavam as causas do povo. Quer dizer que, sem essas portas, não havia mais um sistema jurídico legal capaz de fazer justiça.
Em caso de roubo, assassinato, corrupção, sequestro, entre outros crimes, o povo não tinha mais a quem recorrer, então, as pessoas ficaram expostas à injustiça.
Como resgatar a fé?
De acordo com a Bíblia, o povo de Israel estava vivendo em extrema miséria, sem recursos, sem ânimo e sem liderança.
A primeira ação de Neemias foi orar e interceder, dia e noite, buscando o poder de Deus. Ele confessou os pecados do povo e se incluiu neles.
Tempo de reconstruir
Espiritualmente, a Igreja está como a cidade de Jerusalém, nos tempos de Neemias. Em muitos lugares, os muros estão destruídos e não há proteção contra os ataques do inimigo.
Esses muros invisíveis são construídos a partir de batalhas espirituais. Muros com brechas permitem que os pecados entrem em nossas “cidades” [igrejas], atingindo o povo. Cada oração, jejum, ato de obediência, louvor e adoração é uma pedra que levanta esse muro.
Precisamos de mais Neemias
É tempo de liderar. Deus está em busca de intercessores sinceros e trabalhadores destemidos. Deus pode levantar qualquer um de nós, mas temos que sair da nossa zona de conforto, como fez Neemias, que realizou aquela obra de restauração em 52 dias.
É tempo de reconstruir muros e fechar brechas. A partir de um povo unido, com o mesmo foco e objetivo, é possível erguer muralhas através de intercessão, jejum, oração e ação.
Lembrando que toda pedra (pessoa) deve se posicionar sobre a pedra angular, que é Jesus Cristo. Ele é o alicerce dos muros da Igreja, sobre os quais devemos nos apoiar.
Precisamos de portões fortificados
É tempo de buscar a justiça de Deus a partir das portas da Igreja, para que não haja mais ladrões e adúlteros corrompendo as leis divinas.
“Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular, no qual todo o edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário santo no Senhor. Nele vocês também estão sendo juntamente edificados, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito”. (Efésios 2.19-22)
E essa foi a reflexão de hoje. Espero ter tirado sua dúvida e também colaborado para seu crescimento espiritual. Beijo no coração e até a próxima, se Deus quiser!
Por Cris Beloni, jornalista cristã, pesquisadora e escritora. Lidera o movimento Bíblia Investigada e ajuda as pessoas no entendimento bíblico, na organização de ideias e na ativação de seus dons. Trabalha com missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análise de textos bíblicos.
*O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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